SÃO PAULO, SP, 12.12.2020 – ELEIÇÃO-SÃO PAULO – Julio Casares, 59, foi eleito presidente do São Paulo para os próximos três anos na noite deste sábado (12), no Morumbi. Ele venceu Roberto Natel, por 155 votos a 78, e irá suceder Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. Executivo da área de mídia, foi diretor de marketing na administração de Juvenal Juvêncio (2006-2014) e vice-presidente geral na gestão de Carlos Miguel Aidar, eleito em 2014 e que renunciou no ano seguinte. (Foto: Fernando Nascimento/Photo Press/Folhapress)

CARLOS PETROCILO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Julio Casares, 59, foi eleito presidente do São Paulo para os próximos três anos na noite de sábado (12), no Morumbi. Ele venceu Roberto Natel, por 155 votos a 78, e irá suceder Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco.

Executivo da área de mídia, foi diretor de marketing na administração de Juvenal Juvêncio (2006-2014) e vice-presidente geral na gestão de Carlos Miguel Aidar, eleito em 2014 e que renunciou no ano seguinte.

A eleição foi realizada através de uma espécie de sistema drive-thru, implantado no estacionamento do Morumbi, entre 10h e 16h.

Casares e Natel, mantendo distância e a política da boa vizinhança, ficaram no corredor recepcionando os eleitores que chegavam de automóvel ao Morumbi.

De dentro de seus veículos, os conselheiros puderam retirar as cédulas de votação, preenchê-las e depositá-las nas urnas.

Além do cargo máximo do clube, a votação deste sábado elegeu Olten Ayres de Abreu Júnior para presidir o conselho deliberativo, além de três membros para o conselho de administração -Adilson Alves Martins, Vinícius de Medeiros Cardoso Leite e José Alberto Rodrigues dos Santos.

Antes mesmo do fechamento das urnas, Natel, da chapa Resgate Tricolor, já considerava o oponente, da Juntos pelo São Paulo, como vitorioso. “Não faremos parte da gestão, mas iremos fiscalizar e cobrar para que o São Paulo volte a ter transparência e grandeza”, afirmou Natel.

O atual mandatário, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, compareceu para votação por volta das 11h e conversou brevemente com jornalistas.

“Estou convencido de que fiz gestão positiva e desejo que tudo aquilo que foi plantado seja colhido agora pela administração nova”, afirmou o dirigente. “Estou na conclusão de um trabalho com a equipe de futebol respondendo de forma muito positiva. O futebol é emocional, irracional, e as respostas não são controladas. A torcida do São Paulo, agora, está feliz eu eufórica”, completou.

Casares assumirá a função no dia 1º de janeiro. Seu mandato vai até o final de 2023. De acordo com o estatuto da agremiação, não existe a possibilidade de reeleição.

Ao mesmo tempo em que encontra um clube sem o mesmo patamar financeiro de outrora e em uma seca de títulos, muito em razão dos erros das últimas duas gestões -a de Carlos Miguel Aidar e a atual, de Leco-, Casares, sem esforço, poderá iniciar 2021 com duas conquistas.

O time tricolor vai enfrentar o Grêmio na semifinal da Copa do Brasil. Se avançar, disputa o troféu no dia 10 de fevereiro de 2021. A equipe também lidera o Campeonato Brasileiro, com a última rodada prevista para o dia 24 do mesmo mês.

O clube não ganha um título desde a Copa Sul-Americana de 2012.

O executivo assumiu o posto de favorito entre os 251 conselheiros aptos a votar na eleição do conselho deliberativo no último dia 28. O grupo de Casares, na ocasião, conquistou 74 das 100 cadeiras. Os outros 151 conselheiros são vitalícios.

Na ocasião, Natel acusou o golpe, em nota, mas anunciou que não desistiria do pleito deste sábado em consideração aos 26 conselheiros eleitos de seu grupo.

Casares afirma que, no cargo, recorrerá ao seu repertório como executivo de mídia para conciliar cifras, relações humanas e desempenho esportivo. “O momento não requer, pela gravidade, nenhum tipo de aventura, requer certeza de pessoas que tenham experiência na gestão, preparo, iniciativa junto ao mercado”, disse ele à Folha, durante a campanha.

A gestão atual acumulou um deficit de R$ 205 milhões, de 2015 a 2019, atrás apenas de Cruzeiro (R$ 540 milhões) e Corinthians (R$ 297 milhões), conforme o relatório da EY.

Somente durante a temporada de 2019, segundo balanço financeiro, o prejuízo foi de R$ 156 milhões, agravado com contratações de atletas. Não há nenhuma perspectiva de melhora em 2020 diante dos reflexos da pandemia de Covid-19.

O veto ao público nos estádios, desde março deste ano, aniquilará boa parte da arrecadação, oriunda da venda de ingressos, da comercialização de produtos do time e do consumo de alimentos e bebidas durante as partidas, além do programa de sócio-torcedor. Em novembro, o diretor executivo de finanças do São Paulo, Elias Barquete Albarello, estimou a perda para este ano em R$ 65 milhões.

A entrada de Casares coloca em dúvida o futuro de Raí e de Lugano, ídolos de um passado vitorioso do clube. O uruguaio dificilmente será mantido no Morumbi com o presidente eleito. Diretor de relações internacionais, ele é próximo de Marco Aurélio Cunha, que compôs a chapa de Roberto Natel.

A cada eliminação do tricolor nos últimos anos, Casares dizia aos mais próximos que as glórias de Raí e de Lugano no passado não justificam imunidade pelos recentes tropeços em campo. Em entrevista à Folha, em setembro, Casares não quis bancar a permanência da dupla.

A boa campanha do São Paulo, na liderança do Campeonato Brasileiro e semifinalista da Copa do Brasil, pesa a favor de Raí na função de executivo de futebol. Foi ele quem se desdobrou para evitar a demissão do técnico Fernando Diniz após eliminações vexatórias no Paulista e na Libertadores.

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