Uma longa discussão entre as famílias que vivem na área da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade e o Governo do Estado de São Paulo pode estar próxima de chegar ao fim. Isso porque a Justiça determinou que a área deve ser devolvida ao Estado, que é responsável pela floresta.

O procurador do Estado, Alexandre Vidotti, afirma que o processo para reintegração de posse está em trâmite desde 2006 e agora a decisão definitiva foi tomada. Vidotti ainda informa que o mandado para a reintegração já está nas mãos do oficial de justiça e que a ação deve ocorrer nos próximos dias.

“Houve um longo tempo de tramitação do processo devido aos recursos, às diversas tentativas de conciliação entre as partes para que essa saída dos ocupantes ocorresse de forma espontânea, mas agora já está definido, era necessária uma decisão definitiva”, explica o procurador, que ainda diz que as famílias tentaram negociar para ficar no local, o que não foi do interesse do Estado, já que se trata de uma área pública e de conservação ambiental.

Os moradores que vivem no local não aceitam a decisão da Justiça e reclamam muito da “falta de humanidade” do processo de despejo.

Maraize Henrique, conhecida pelos vizinhos como Mara, vive no local há cerca de 40 anos e é uma das moradoras que brigam pela permanência das famílias no local: “Essa discussão já vem há anos. Há muito tempo eles já querem tirar a gente daqui. Agora o oficial de justiça veio para avisar que eles vão chegar com o caminhão e levar todo mundo embora”.

A moradora ainda afirma que a grande preocupação é que muitos deles não têm para onde ir. “Se a gente tivesse uma casa, não estaríamos aqui, e eles querem que a gente vá embora sem darem justificativa nenhuma para isso e também sem nenhum tipo de ajuda. A gente sairia e acabaria indo pra rua, porque não temos outra opção de lugar pra ficar. Não estamos conseguindo nem dormir nos últimos dias”, comenta Mara.

Outro morador de longa data na área da Feena é João Batista, que vive na mesma casa há 50 anos: “Quando cheguei aqui ainda era época da Fepasa, as casas não tinham nem piso, nós que vivemos aqui por tantos anos que conseguimos manter o local, fazer algumas melhorias, e agora estão nos tirando daqui. É lamentável”.

Batista ainda comenta que acompanhou todo o processo da disputa pela área e acredita que faltou o Estado ouvir mais os moradores que vivem na Feena. “Durante todo esse período nunca ouviram o que a gente pedia. Eles iam tomando as decisões sem nem ao menos conversar com a gente. Nós moramos aqui e conhecemos isso melhor do que qualquer um. Acho que isso teria sido importante para a situação ser diferente”, relata o morador.

Além do fato de não terem para onde ir, as famílias ainda têm uma outra preocupação com a situação: “Vão tirar a gente das nossas casas e aí? Vão fazer o quê? Tudo vai ser abandonado como o resto do horto”.

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