Sair de seu país de origem para poder proteger a própria vida e também a vida dos filhos não é uma atitude fácil, mas foi a melhor que a família de Marcelo Pena Lima e Ydalmy Villegas pôde tomar.

O casal chegou a Rio Claro há mais ou menos um ano e meio, junto de seus filhos Roberto Pena Villegas, de 14 anos, e Newton Eduardo Pena Villegas, de 12 anos. A família mora com a irmã de Marcelo, Rachel Pena Lima Bortolin, que não pestanejou e acolheu o irmão, a cunhada e os sobrinhos em sua casa.

“Sabíamos da situação da Venezuela e, quando eles tomaram a decisão de vir para cá, prontamente os recebi, são minha família e estavam fugindo da extrema violência que acomete o país e é possível ser enxergada de qualquer lugar do mundo, eles estavam em busca de um lugar para recomeçar e junto da família é muito melhor”, relata a servidora pública.

A chegada ao Brasil não foi muito fácil. A família saiu da Venezuela de ônibus, foi até Manaus e, para chegar a São Paulo, pegou um voo. Ao chegar ao aeroporto, a tia Rachel já a esperava.

Ydalmy, a mãe da família, conta que a situação na Venezuela era desesperadora. “Tínhamos um bom padrão de vida, eu e Marcelo trabalhávamos com tecnologia da informação em um importante banco, tínhamos apartamentos, automóveis e propriedades, mas deixamos tudo para podermos viver com mais segurança, a violência política lá é muito grande. O filho de uma amiga, uma criança, morreu ao ser alvejado por um tiro vindo de um miliciano. Ele estava apenas andando na rua, indo jogar bola”, conta, muito emocionada.

Questionado sobre qual a principal diferença entre viver no Brasil e na Venezuela, o pequeno e muito espero Newton – que assim que o questionei sobre o seu nome, me informou que se escreve assim como o de Isaac Newton – disse que aqui se pode andar nas ruas. “Aqui pode andar na rua, vamos no mercado quase todos os dias, na Venezuela eu só ia aos sábados, com o meu pai e de carro, era muito perigoso, não andávamos a pé pelas ruas”, conta o menino, que residia em Caracas, na capital, com sua família.

Marcelo Pena Lima mudou-se para Caracas em 1980 e conta que a cidade foi uma das melhores que já conheceu para se viver, mas infelizmente a violência impossibilitou que ficassem por lá. “Tínhamos uma condição financeira muito boa lá, eu e minha esposa, uma boa profissão, os meninos estudavam em escolas particulares, mas a insegurança fala mais alto, o número de pessoas vivendo na marginalidade é grande.”

COOKIES

Roberto, o primogênito da família, conta que assim que chegaram a Rio Claro já entraram na escola. “Em uma semana já estávamos matriculados e indo para a aula. Fiz muitos amigos e as pessoas querem muito saber da nossa vida, perguntam bastante, não sofremos preconceito e fomos muito bem aceitos na cidade e também na escola.”

A família chegou a Rio Claro e graças à ajuda de Rachel conseguiu se estabelecer, mas quem deu início a um negócio que só cresce foi o pequeno Newton, que, segundo a tia, é um aluno muito dedicado, assim como o irmão, e já ganhou uma bolsa de estudo após faturar uma medalha de bronze nas Olimpíadas de Matemática.

O pequeno, vendo receitas, resolveu fazer cookies. E assim teve início o negócio da família. Com ajuda da mãe e também do irmão e da tia, é claro, a venda de cookies foi aumentando, assim como a produção, fortemente auxiliada pela mãe, e tem feito muito sucesso. “Fazemos os cookies e vendo pelos bairros, passamos de casa em casa oferecendo e as pessoas já são clientes, pois nos conhecem e aprovam nossos cookies”, fala o jovem empreendedor.

Marcelo ganhou uma área que carpiu e há um tempo planta quiabo, tomates-cereja, comprou algumas galinhas e comercializa também ovos orgânicos, gerando renda à família.

CONTATO

Para comprar os produtos da família, tanto os cookies, quanto os produtos produzidos por Marcelo Pena Lima, basta entrar em contato pelos telefones (19) 99837-2887 e 3617-6584.

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