Foto: Lucas Figoto/CBF

Folhapress

Já classificado para as oitavas de final da Copa do Mundo, o Brasil segue perseguindo o hexa. A depender de previsões matemáticas, a cena da seleção brasileira levantando a taça não é tão difícil de se tornar realidade -em muitos desses modelos, o time é o favorito para o Mundial.

Mesmo com expectativas criadas, o melhor é moderá-las. Os resultados previstos não são gravados em pedra, e o mais inesperado dos desfechos pode ocorrer -Argentina e Alemanha que o digam.

Modelos matemáticos que preveem o resultado de partidas de futebol não são uma novidade. Um desses projetos, o Previsão Esportiva, é produto de uma parceria entre universidades brasileiras, como UFBA (Universidade Federal da Bahia) e ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e Computação), da USP de São Carlos.

Criada em 2004, a iniciativa utiliza dados e artifícios matemáticos para prever o desfecho do Mundial desde 2006.

“Essa é uma forma de visualizar qual é a possibilidade de um determinado resultado futuro em relação a esportes ocorrer”, afirma Francisco Louzada, professor do ICMC e um dos coordenadores do Previsão Esportiva.

De início, a probabilidade de uma seleção ganhar a Copa de 2022 seria igual, já que cada 1 das 32 seleções têm a mesma chance de ser campeã. A diferença é que os modelos matemáticos são definidos por fatores que podem aumentar ou diminuir a probabilidade de vencer o Mundial -o potencial de ataque e defesa dos times, por exemplo.

A Previsão Esportiva adota esses dois critérios, e também considera os rankings das seleções segundo a Fifa e a Uefa (União das Federações Europeias de Futebol). O valor dos times também é um parâmetro: quanto mais caro for o conjunto dos jogadores, maiores as chances de vitórias.

Modelos também tendem a adotar pesos para os fatores, explica Wladimir Neves, diretor do Instituto de Matemática da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em alguns casos, a qualidade do ataque pode ser mais importante que a defesa e vice-versa.

Então, uma enorme quantidade de dados é levantada para que uma inteligência artificial os avalie com base nos critérios, e a previsão é determinada.

Antes mesmo do início do Mundial, os pesquisadores da Previsão Esportiva simularam 1 milhão de possíveis Copas 2022. Dentre essas, o Brasil apareceu como campeão em cerca de 153 mil, superando a vitória de todas as outras seleções. Mas isso não indica que o país está em ótimos lençóis -a Argentina, por exemplo, foi a campeã em mais de 120 mil cenários.

“Hoje, o Brasil tem 15% de chance de ser campeão, mas e as outras seleções? Praticamente, [as outras 31 seleções] têm 85%”, resume Louzada.

Outras previsões também foram feitas, como um da empresa XP, outro patrocinado pela Serasa e ainda um do site americano de análises FiveThirtyEight (538). Embora com algumas diferenças, o Brasil é um dos principais favoritos em todos eles.

Vai ganhar mesmo? As previsões feitas antes de uma Copa começar até podem ser assertivas. Em 2010, a Espanha foi a campeã, e essa era a seleção que tinha a maior probabilidade de ganhar desde o início, conforme as apostas da Previsão Esportiva.

Mas o ideal é que os modelos matemáticos sejam atualizados à medida que as partidas acontecem. Isso porque, quanto mais dados a inteligência artificial tiver, maior a precisão do resultado. Além disso, as referências atualizadas incrementam a confiabilidade sobre o desempenho dos times.

“Uma coisa é, antes de começar a Copa, fornecer as informações que se tinha e oferecer o resultado. Outra é já ter passado da primeira fase e contar com mais informações das seleções”, diz Louzada, indicando que, pelo menos para a Previsão Esportiva, as previsões serão atualizadas.

Um caso é o da Argentina. Após a derrota para a Arábia Saudita, as chances do país sul-americano ser campeão do Mundial devem cair nas previsões matemáticas.

Esse tipo de variação que novos dados trazem é um indicativo de outro dilema: a incapacidade de compilar todos os fatores envolvidos no resultado de uma partida.

Paulo Henrique Trentin, professor do departamento de matemática do Centro Universitário FEI, explica que as previsões não conseguem considerar tão bem fatores psicológicos que podem desestabilizar ou estimular os jogadores durante um jogo. “São modelos bastante assertivos do ponto de vista matemático, mas questionáveis”, resume.

Neves, da UFRJ, concorda. Ele exemplifica um cenário em que, numa possível final do campeonato, um jogador passa mal. “É uma coisa que não tem modelo que vai prever.”

Mesmo assim, existem expectativas. “Há uma grande esperança de que, com uma probabilidade alta, o Brasil ganhe”, afirma Neves.

Para grande parte das previsões matemáticas, essa esperança realmente se confirma. Em dois modelos, um da Previsão Esportiva e outro da Universidade de Oxford, o Brasil aparece disputando a final contra a Bélgica. O resultado? A seleção brasileira tem maior probabilidade de ser campeã.

A ver se o Brasil realmente devolve a derrota de 2018 e, enfim, conquista o hexa.

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