O convênio faz parte do PAC 2 que teve sua portaria publicada no Diário Oficial da União nessa última terça-feira

Antonio Archangelo

Contas sofreram aumentos bruscos e inexplicáveis
Contas sofreram aumentos bruscos e inexplicáveis

As reclamações sobre o aumento abusivo nas contas de água “pipocam” diariamente em Rio Claro. Em alguns casos, a troca de hidrômetro feita pelo Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae) é citada como justificativa para o aumento nas contas. De outro, até de residências onde os hidrômetros não foram trocados as contas chegaram a registrar entre março e abril uma diferença de 300%.

O aumento nas contas preocupa. Em uma dezena de casos, a fatura, que não passava de R$ 80/mês, saltou para a casa dos R$ 260,00, em média. E a situação deve parar no Ministério Público. A promotoria do Consumidor já avisou que deverá abrir inquérito para investigar a situação.

Na casa de Marcos, por exemplo, depois que a autarquia trocou o hidrômetro, as contas de água subiram abusivamente. “Normalmente eu pagava de água R$ 100, mais ou menos, por mês, o máximo que eu pagava era R$ 130, quando muito R$ 140. Depois de um mês da troca do hidrômetro, no mês passado, veio R$ 290. Achei um absurdo, fora do normal. Liguei para o Daae e me disseram que poderia haver vazamentos na tubulação de água e pediram para eu fazer alguns testes, fiz todos os testes. Ainda não paguei essa conta tentando resolver o problema. Fui no Procon, foi aberto um protocolo. Hoje fui ver o valor da próxima conta que vence dia 10/04 e consta o valor de R$ 547,12. Liguei novamente no Daae e tive a mesma desculpa: que a tubulação está com vazamentos e que esse tipo de hidrômetro é sensível, pois ele detecta o mínimo de vazamento possível. Outra coisa que me disseram era para observar de madrugada se mesmo com todas as torneiras fechadas o aparelho continuava rodando. Se isso ocorresse era devido a muita pressão na tubulação, poderia haver passagem de ar e ficar virando o hidrômetro sem passar água. Um absurdo. Agora tenho que ficar 24 horas de vigia no meu hidrômetro para ver se está passando ar ou água! Se estivesse com algum vazamento pela quantidade de água que supostamente está marcando no hidrômetro era para eu perceber pelo menos um pouco de umidade em algum lugar”, desabafou.

As queixas sobre cobrança abusivas feitas pelo Daae colocaram a autarquia no topo do ranking de reclamações em Rio Claro. De acordo com site da Fundação Procon, em sessenta dias, foram registrados 125 reclamações. Sendo 115 alegando cobrança abusiva, 4 relatando dúvidas sobre a cobrança, e uma cobrança abusiva mediante constrangimento ou ameaça. A situação também foi parar na Câmara Municipal, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para tentar explicar a situação.

O superintendente do Daae, Geraldo Gonçalves Pereira, afirmou, nesta semana, que as mudanças implementadas pela autarquia têm sido feitas dentro da lei. Em entrevista ao programa Jornal da Manhã da Rádio Excelsior Jovem Pan na segunda (31), Geraldinho, como é conhecido, disse que o hidrômetro é um aparelho de medição com um tempo de vida útil: cinco anos. Depois disso, o hidrômetro perde a capacidade de medição em 3% ao ano. Com isso, o equipamento deixa de captar pequenos vazamentos ou o gasto de uma torneira pouco utilizada, o que camufla o consumo de água. De acordo com ele, a cidade tem hidrômetros com mais de 30 anos que hoje marcam apenas 15% ou 20% do consumo real. Quando a troca é realizada, todo o consumo é computado, elevando o valor da conta. Geraldinho explica ainda que a substituição dos hidrômetros está prevista no plano diretor de perdas. Com base nele, o Daae conseguiu recursos do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos) para substituir 19.125 hidrômetros. Dez mil foram trocados no ano passado e outros 10 mil estão previstos para este ano.

A meta é substituir 10 mil hidrômetros a cada ano, segundo o superintendente do Daae.

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