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Folhapress

Duas famílias descobriram que seus bebês foram trocados na Santa Casa da Misericórdia, no Rio de Janeiro, no dia 10 de julho de 1996. Mais de duas décadas se passaram, e um exame de DNA comprovou o paradeiro real das filhas de Glória Pires Coelho e Rosilane Lima dos Santos, que estavam na mesma sala de parto.

Segundo as mães, os profissionais de saúde que estavam no hospital no dia do nascimento das duas meninas, Rhayene e Emanuelle estavam bastante confusos, mas elas não perceberam nenhum problema, segundo relataram ao “Fantástico”, da TV Globo.

Emanuelle foi entregue para Glória, mãe biológica da Rhayene; Rhayene ficou com Rosilane, mãe biológica de Emanuelle.

Depois de ganharem alta, as mães e os bebês foram para as suas casas, que ficam em regiões distintas do Rio de Janeiro, separadas a aproximadamente 60 km.

DIFERENÇAS CHAMARAM ATENÇÃO

As diferenças começaram a ser notadas na adolescência das meninas. Os traços físicos eram muito diferentes dos demais parentes. Então, a dúvida surgiu para ambas.

“Quando ela cresceu, desenvolveu características afrodescendentes. Mas como minha mãe era filha adotiva, sempre pensamos que poderíamos ter uma avó ou outro parente distante, que fosse afrodescendente”, disse Glória.

A mesma situação ocorreu na família de Rosilane. “Teve gente que achou ela diferente, por ter a pele mais clara”, recordou.

Luis Henrique e Rosilene nunca se mostraram interessados em fazer o exame de DNA, ao contrário de Glória, que era mãe solo e ouviu a sugestão de um parente. Já morando em Genebra, na Suíça, ela realizou o teste em 2017 e o resultado saiu comprovando que ela e Emanuelle não eram mãe e filha.

“Minha mãe veio para o Brasil e fizemos o teste. Quando saiu o resultado, foi um momento de muito nervosismo, choramos muito abraçadas. Eu me recusava a acreditar que ela não era minha mãe”, disse Emanuelle.

BUSCA PELA FILHA

Glória buscou a polícia e fez um boletim de ocorrência, onde as buscas pela outra família foram iniciadas.

A Santa Casa informou o nome de todas as mulheres que tiveram filhos no dia 10 de julho de 1996.

Pela internet, com a ajuda de grupos que ajudam na busca de pessoas desaparecidas, o contato de Rosilene foi localizado e um telefonema no dia 22 de novembro de 2021 foi o passo inicial do contato de ambas as famílias.

“Atendi e era a Glória. Ela contou a história e depois de uma longa conversa, ela mandou uma foto da Emanuelle e vi ali a minha filha caçula”, disse o pai biológico Luís Henrique Lima dos Santos.

Após Glória contar os detalhes sobre o dia do parto, a família de Rosilane acreditou na situação. Mas Rhayene descobriu a verdade ao ler as mensagens no celular do pai.

“Eu disse que não queria saber de nada, que a mulher era louca”, disse a jovem.

Desde dezembro, quando os exames confirmaram a troca dos bebês, foram apenas três encontros entre todos. O contato está se estreitando aos poucos.

Segundo o “Fantástico”, o inquérito policial concluiu que os bebês foram trocados, mas a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro alega que não há provas de que a troca aconteceu dentro do hospital.

Como o caso aconteceu há mais de 20 anos, o crime prescreveu.

Pedidos de indenização por danos morais já foram negados duas vezes pela Justiça, mas o advogado que defende Glória e Emanuelle disse que vai recorrer.

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