Um carro que impressiona. Chega até  a dar medo. No galpão de uma garagem comercial de Rio Claro o JC ficou frente a frente com um dos carros mais velozes já produzidos nos anos 1960. Um objeto de desejo, cheio de personalidade: o Dodge Charger – a nossa carona da semana. Vamos embarcar juntos nessa máquina poderosa e icônica?

‘Cara’ de malvado, o top de linha dos anos dourados, o Dodge Charger tem uma história também contada nas telonas do cinema. Em Interlagos, o carro contracenou com o Rei Roberto Carlos. Em Hollywood, o modelo americano se virou bem nas estradas de terra e nas ruas de São Francisco. E foi justamente por conta disso que o grande astro das telas se tornou o xodó do rio-clarense Lourenço Ferreira Papin, de 45 anos, que comprou o carro em 2014, importado dos Estados Unidos.

No entanto, Papin explica que para contar a história desse modelo verde atual, precisaríamos viajar com ele no tempo, e voltar para o início dos anos 2000 quando, em Santa Bárbara d’ Oeste/SP, ele encontrou, junto de um amigo e sócio, o Marco Mateoni, um outro carro, simplesmente abandonado.

“Até então o carro era comum e estava todo desmontado. Fomos mexendo aqui, mudando ali e descobrimos que era um modelo raríssimo. Ao terminar a restauração, conhecemos um colecionador renomado de Dodges, que ficou encantado por esse veículo e queria comprá-lo, para colocá-lo em seu museu. A oferta foi irrecusável. Portanto, realizamos a venda”, contou.

Na hora de efetuar o pagamento, o colecionador aconselhou Papin e o amigo a importarem outro carro. No começo, eles ficaram sem jeito, pois não tinham como cumprir os trâmites e arcar com o pagamento de impostos, declaração do valor do carro, e outras coisas mais, relacionadas à burocracia para a transição. No entanto, os amigos se surpreenderam quando ele mesmo se ofereceu para importar, em seu próprio nome, o carro que eles quisessem.

“Foi aí que o sonho começou a virar realidade. Claro que demorou um pouco para eu achar um carro que coubesse no valor que tínhamos para investir. Foram meses de procura, em vários sites, e nada. Até que, por uma pressão vinda do aumento do dólar, tivemos que bater o martelo. E, nos 45 do segundo tempo, ele [o carro atual] apareceu em um leilão, fizemos a oferta. E quando foi umas 3 horas da madrugada aqui no Brasil, eu recebi uma ligação que dizia: ‘você é o feliz proprietário de um Dodge Charger americano’”, contou.

O prazer de dirigir o grande astro

Quando Papin virou a chave, o bloco 440 polegadas cúbicas e 400  cavalos brutos fez tremer o chão. O efeito foi impressionante quando ele pressionou um pouquinho o pedal direito para acelerar a barca para a Vanessa Silva, do Estúdio Aquarella, fazer seus registros. O ronco forte do motor tomou conta do espaço. A sensação era de que a vizinhança toda da Vila Operária sentia essa vibração diferente. 

Ele comenta o que precisou mudar para sair com a relíquia semanalmente da garagem. “Fiz escapamento todo novo, troquei as rodas, fiz toda a tapeçaria original, realizei alguns retoques de pintura e posteriormente troquei o motor. Antes, o carro tinha um de competição, mas coloquei um  original”, disse empolgado.

“Na rua, com carros como esse, você vira celebridade. Chama atenção onde ele passa, até por conta do ronco. Eu não uso diariamente pois é muito largo. E, as ruas nossas aqui são muito estreitas e tenho muito medo de ralar. Gosto mesmo é de andar com ele na estrada. Gostaria de ter vários, mas eu me satisfaço com ele. Gosto de tê-lo como meu bebezinho. Está sempre limpo, encapado, um carro que para mim, é como se fosse um ente da família”, diz.

A empolgação parece ter sido transmitida para a próxima geração. “Meu filho Thomaz, de 9 anos, adora. Ele sempre fala: ‘papai, vamos buscar o carro para dar uma volta?’. Isso me impressionou pois, quando o icônico chegou, demorou muito para encontrarmos o caminho para ele. Então, fazia uns barulhos além da conta, coisa que assustava o meu filho. Hoje não. Ele gosta muito de andar”

Apaixonado por Dodges desde pequeno, sempre acompanhou colecionadores da Cidade Azul com seus acervos.  Adorava ver as linhas, muitas delas extravagantes, o conforto, os excessos de cromados e motores V8. “Gosto muito de mexer, montar, desmontar”. 

O rio-clarense já teve um ferro velho, chamado ‘Ferrujão’, somente com veículos antigos, onde chegou a ter mais de 50 carros para extrair peças. Entre os modelos, havia Cadillacs, Impalas, Bel Air, Pontiac, entre outros.

Casamentos e aluguel

Já ao adquirir o Dodge Charger, Papin descobriu novas formas de usar o carro para marcar momentos especiais.

“Logo quando o carro chegou, o usei para levar minha irmã, no dia do seu casamento, na Fazenda Santa Gertrudes. Depois, acabei participando de outro, de um casal que eu nem conhecia antes disso. O noivo dizia ter um sonho de levar a noiva num desses, eu topei. Foi em Americana/SP”, relembra ele, que se diz pronto para outras participações em eventos do tipo.

Quem quiser alugar o carro, basta acessar o Instagram: @loupapin e mandar uma mensagem.

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