Ednéia Silva

Em época de surto e epidemia de dengue, muitos boatos e informações desencontradas são veiculadas deixando a população perdida sem saber o que de é fato verdade. Nessa linha começaram a circular nas redes sociais e no WhatsApp um boato de que haveria uma versão mutante e mais resistente do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Esse vetor poderia se reproduzir em água suja e salgada e também no inverno, e que poderia ocorrer um violento surto da doença nos próximos dias.

O boato teria partido de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, por meio de uma gravação de áudio. Na gravação, uma mulher afirma ter participado de uma reunião em Taboão da Serra convocada pelo secretário de Estado da Saúde, David Uip, para discutir sobre o mosquito mutante. Segundo ela, na reunião foi divulgado que o novo mosquito só picaria nas pernas, da canela para baixo, e que teria um pré-anestésico que impediria que as pessoas sentissem a picada e não daria coceira. A orientação recebida foi para que os pais enviassem os filhos de calça comprida e repelente para a escola.

A notícia rapidamente se espalhou e preocupou a população. Porém, depois da veiculação do áudio, o secretário David Uip desmentiu publicamente o boato de que o mosquito sofreu mutação e está mais resistente. “É completamente absurda a informação a respeito de uma mutação do mosquito Aedes aegypti que se reproduziria em águas sujas ou mesmo salobras. Esta possibilidade de mutação e reprodução do mosquito nestas condições não existe”, disse em sua página no Facebook.

Existem ainda boatos de que o vetor da dengue mudou. Que a doença também seria transmitida por outros mosquitos, além do Aedes aegypti.

Solange Marscherpe, do Departamento de Informação, Educação e Comunicação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Rio Claro, comenta que em época de epidemia muitos boatos surgem e são repassados como verdades. Segundo ela, não existe uma nova versão do mosquito da dengue. O Aedes aegypti continua sendo o vetor da dengue, além da febre amarela e da chikungunya.

O que acontece é que o mosquito se adapta fácil ao meio ambiente. Com o tempo o mosquito Aedes aegypti vai ficando mais resistente o que torna mais difícil a sua eliminação. Como exemplo, Solange citou que as larvas antes morriam em contato com o sal e o vinagre. Hoje isso não acontece mais. O mosquito somente se reproduzia em água limpa, atualmente consegue se reproduzir em água não tão limpa e até mesmo em temperaturas mais frias.

Outro ponto abordado por Solange é quanto a nebulização. Segundo ela, o veneno é o último recurso utilizado no combate ao mosquito e é a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), órgão estadual, que determina em quais locais ele será utilizado. Geralmente, são locais onde o número de casos é alto ou houve registro de óbito.

Solange explica que o veneno só mata o mosquito adulto e as larvas e ovos em contato com ele podem ficar mais resistentes a ele. Além disso, o veneno não mata somente o Aedes aegypti e sim outros insetos e bichos. Para ela, a dengue é um problema social que somente será eliminado com a conscientização da população de que cada um precisa fazer a sua parte para eliminar os criadouros do mosquito.

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