Pesquisa aponta que 50% dos brasileiros aprovam afirmação bandido bom é bandido morto (Foto: Polícia Militar de Santa Catarina)

Carine Corrêa

Na edição dessa quarta-feira (7), o Jornal Cidade trouxe em suas páginas a opinião de especialistas sobre o resultado da pesquisa Datafolha “Bandido bom é bandido morto”. A pesquisa revelou que metade dos brasileiros concorda com esta afirmação.

Dando sequência ao assunto, desta vez a reportagem do JC ouviu uma psicóloga e um psiquiatra, com o objetivo de aprofundar a discussão em torno da afirmação. Por que as pessoas querem ver o bandido morto?

Pesquisa aponta que 50% dos brasileiros aprovam afirmação bandido bom é bandido morto (Foto: Polícia Militar de Santa Catarina)
Pesquisa aponta que 50% dos brasileiros aprovam afirmação bandido bom é bandido morto (Foto: Polícia Militar de Santa Catarina)

“Nos últimos anos houve uma tendência a tratar a violência como fator natural. A violência acabou se banalizando. A violência é natural para a pessoa, porque o contexto e a cultura ditam a violência e a naturalizam. Assim é cômodo pensar que bandido é bandido e que não vale a pena tentar corrigi-lo, que ‘bandido bom é bandido morto’. Mas vale ressaltar que os padrões de agressividade são dados pela cultura. É o meio que modula a agressividade. Os impulsos agressivos são influenciados pelas alterações hormonais, como o estresse, por exemplo” – psicóloga Vivian Cagnoni.

“A frase bandido bom é bandido morto faz com que eu identifique em mim mesmo muitos comportamentos que eu só não os pratico porque existem algumas leis que regem a minha consciência e a minha atitude. Qual é a diferença de quem pratica e de quem assiste?

Penso que a linha é muito tênue entre o julgado e aquele que julga. O que eu entendo é que se combate aquilo que se chama de bandido não com a agressividade, porque é certo que a agressividade gera agressividade. Então, como que se age com o que é agressivo? Se age com a inteligência.

Bandido bom é aquele que se reconhece enquanto bandido e se dá a possibilidade de ser mais do que bandido, voltar a criar condições de se adequar às suas angústias e não compensá-las na agressividade e na delinquência” – psiquiatra Gustavo Branco.

Pesquisa

De acordo com pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 50% das pessoas concordam com a afirmação bandido bom é bandido morto. Conforme os dados, 45% dos entrevistados discordam dessa posição. Foram ouvidas 1,3 mil pessoas em 84 municípios com mais de 100 mil habitantes. O apoio às ações policiais violentas cai entre os mais jovens. O índice de apoio também é menor entre os que têm nível superior.

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