SÃO PAULO, SP, 16.07.2022 – Previsto para iniciar neste sábado (16) os trabalhos de demolição do edifício Industria e Comércio na rua Comendador Abdo Schahin na região da 25 de Março, que foi condenado após um incêndio de grandes proporções. (Foto: Suamy Beydoun/Agif/Folhapress)

MATHEUS MOREIRA – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As lojas da rua Comendador Abdo Schahin, na região da 25 de Março, no centro de São Paulo, devem ser liberadas para reabrir entre este sábado (16) e o domingo (17), após o início dos trabalhos de limpeza do prédio e da preparação da edificação que pegou fogo para demolição.

O prédio incendiado no último domingo (10) –e que teve as chamas apagadas após 60 horas de trabalho dos bombeiros– fica no número 78 da Abdo Schahin. Desde então, a via seguia interditada e as lojas, fechadas.

Com a liberação, apenas duas lojas seguirão interditadas por estarem dentro da área de isolamento do prédio, que será cercado por tapumes e tomará metade da rua entre os números 102 e 70. As lojas ficam ao lado do edifício, uma à esquerda e outra à direita.

Somente pedestres e veículos de carga e descarga poderão transitar na rua Comendador Abdo Schahin. Ainda não há previsão para a normalização do fluxo de veículos na via.

O prédio deve receber uma tela por toda sua extensão e estruturas em formato de bandejas para evitar que pedras ou materiais caiam e atinjam pedestres, como explicou Marcos Monteiro, secretário da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), em entrevista neste sábado.

“Temos uma situação mais crítica na alvenaria, a proteção por bandejas precisa ser feita para não ferir as pessoas que estiverem passando embaixo”, disse.

Após essa etapa, começará um trabalho de limpeza dos andares, com remoção dos fragmentos de pedra e das estruturas de lajes e paredes, bem como materiais que estavam nas lojas e depósitos.

A equipe que fará a preparação do prédio e a demolição iniciará os trabalhos após a conclusão da perícia pela Polícia Civil, prevista para acabar neste sábado.

De acordo com Monteiro, a demolição será feita por dentro do edifício, sem o uso de maquinário grande.

A medida também foi adotada para não causar mais transtorno a quem circula pelo entorno do edifício. A demolição começará pelos andares superiores, do décimo ao sétimo, que foram os mais afetados. Após essa etapa, uma nova vistoria dirá se os demais andares também estão condenados.

SÃO PAULO, SP, 16.07.2022 – Previsto para iniciar neste sábado (16) os trabalhos de demolição do edifício Industria e Comércio na rua Comendador Abdo Schahin na região da 25 de Março, que foi condenado após um incêndio de grandes proporções. (Foto: Suamy Beydoun/Agif/Folhapress)

Não há previsão de quanto tempo a demolição deve levar para ser concluída.

Os comerciantes aceitaram a proposta de demolição feita pela prefeitura e o início das obras foi marcado para este sábado. No prédio funcionavam 79 lojas, escritórios e depósitos, além de um refeitório. A própria gestão municipal pagará a empresa responsável pela demolição e enviará a fatura aos proprietários do edifício. Não há estimativa do prejuízo.

Segundo o porta-voz dos condôminos, Cleinaldo Simões, a perda para os comerciantes será medida pela queda da renda das lojas, pelos danos no imóvel e pelos custos da demolição e de eventual construção de um novo edifício.

Monteiro afirma que há áreas preservadas dentro do edifício nos andares inferiores. “Todos os conjuntos do fundo foram comprometidos, com exceção do primeiro andar onde ficava o refeitório e a cozinha. No térreo houve danos, principalmente na loja aos fundos. Os três conjuntos do térreo também estão preservados”, disse.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o prédio que pegou fogo tinha o pedido para obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em andamento, mas a licença não foi emitida por causa de irregularidades “não sanadas pelo responsável”.

Questionada sobre quais eram as irregularidades, a corporação disse que esses dados são de acesso restrito às autoridades e aos proprietários. O porta-voz dos condôminos não soube informar quais foram os problemas encontrados na vistoria dos bombeiros.

Apesar de não ter o AVCB, o prédio tinha situação regular na prefeitura e tinha a licença municipal, o AVS (Auto de Verificação de Segurança), desde 2008, segundo o relatório do Contru (Controle do Uso de Imóveis) feito após a vistoria que constatou o risco de colapso.

Para obter o AVS, segundo a prefeitura, os donos de um imóvel precisam apresentar “o AVCB vigente ou atestado de funcionamento dos equipamentos de segurança com cópia do projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros”.

O AVS não tem prazo de validade, mas pode ser revogado caso o imóvel sofra alterações na estrutura do ou no uso.

De acordo com o porta-voz dos proprietários, o pedido de AVCB foi encaminhado aos bombeiros porque lojistas passaram a usar as salas como depósitos. Simões não soube dizer, porém, quando o pedido de novo AVCB foi feito, mas afirma que “já faz alguns anos”.

O incêndio começou por volta das 21h no domingo (10) após uma explosão na altura do terceiro andar, segundo uma testemunha ouvida pela Polícia Civil. Dois bombeiros ficaram feridos no combate ao fogo.

Ao todo, segundo a prefeitura, nove edifícios chegaram a ser interditados parcial ou totalmente. Houve desabamento da estrutura da loja Matsumoto, que fica na rua Barão de Duprat, e do teto da igreja, na rua Cavalheiro Basílio Jafet. Esses imóveis foram selados com tapumes nas entradas.

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