Moradores que fizeram o vídeo comentam na gravação: “Olha lá, mexendo no garoto, olha lá”. Vídeo repercutiu na imprensa nacional, mostrando policiais forjando a cena de um crime

Carine Corrêa

Repercutiu na grande imprensa o episódio que aconteceu no Rio de Janeiro nessa terça-feira (29). Um vídeo feito por uma terceira pessoa mostrou imagens dos policiais cariocas modificando a cena de um crime. O vídeo disponível no portal do G1 mostra ainda os PMs colocando uma arma na mão de um jovem de 17 anos que estava baleado, fazendo com que “ele” disparasse dois tiros com esta arma. Antes, um policial já havia disparado com sua arma para o alto. As ações foram feitas para simular um confronto.

O comando da Polícia Militar de Rio Claro criticou a forma de agir dos policiais neste caso. “Pelo que aparentemente as imagens mostram, esses policiais do Rio de Janeiro deixaram de ser agentes da lei e passaram a ser agentes do crime. Tudo deve ser rigorosamente apurado e, confirmada a ocorrência forjada, os policiais devem ser responsabilizados penalmente e administrativamente com a perda do cargo”, disse o coordenador operacional major Rodrigo Arena.

Moradores que fizeram o vídeo comentam na gravação: “Olha lá, mexendo no garoto, olha lá”. Vídeo repercutiu na imprensa nacional, mostrando policiais forjando a cena de um crime
Moradores que fizeram o vídeo comentam na gravação: “Olha lá, mexendo no garoto, olha lá”. Vídeo repercutiu na imprensa nacional, mostrando policiais forjando a cena de um crime / Imagem: reprodução/Globo/G1

O comandante da Guarda Municipal de Rio Claro, Wladimir Walter, analisa que, se este episódio tivesse ocorrido na Guarda Civil, as proporções seriam diferentes. “A Guarda foi armada em 2007. Se acontecesse qualquer situação similar a esta na corporação, logo sairiam boatos na linha que a Guarda não poderia ser armada. Fora que a proximidade da população com a administração de um município é maior do que com a do Estado. Por isso, a pressão e cobrança seriam maiores. Não aprovo este caso que aconteceu no RJ. Acima de tudo, o agente de segurança tem que ser exemplo”, observou. Luiz Jardim, que atua na gerência da União de Amigos do Menor (Udam), co-gestora da Fundação Casa, também emitiu sua opinião sobre a forma de agir dos policiais do Rio. “Nenhuma ilegalidade pode ser tolerada de qualquer lado, seja ele um policial ou seja ele um cidadão”, pontuou.

Por fim, Gustavo Branco, psicanalista de Rio Claro, fechou a discussão: “Tudo começa com a seleção deste contingente policial. Vejo que o despreparo de profissionais na triagem de agentes policiais faz com que a escolha não corresponda às necessidades reais da proposta de nos assegurar a paz . Estes agentes de rua deveriam no mínimo demonstrar uma capacidade de inteligência emocional adequada para tal enfrentamento, e não uma condição limítrofe psíquica para lidar sob estado de tensão. E é nessa condição limítrofe de inteligência emocional que o agente de rua ” se perde, deixando que as emoções falem muito mais alto que a própria estrutura intelectual, lugar em que habitam a ética, a moral e o respeito. Ferramentas estas que por fim delimitam entre sanidade e barbárie. Não quero, com isso, tirar a responsabilidade de quem cometeu estes crimes. Mas acredito que devemos considerar também a competência daqueles que licenciam estes que deveriam utilizar a arma como defesa, e não como uma ferramenta de chacina”, analisou o psicanalista.

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