Barragem de mineradora se rompe na região de Mariana (Foto: Corpo de Bombeiros-MG)

Antonio Archangelo/Coluna PolítiKa

Dando continuidade às reportagens sobre a extração de argila em Rio Claro, o geólogo Marsis Cabral Junior, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), disse que é impossível comparar a extração realizada em Mariana/MG com a feita em Rio Claro.

“Não dá para comparar, primeiro em relação à dimensão, lá é muito melhor e, segundo pelas características. Lá, para extrair o minério de ferro, é necessário o enriquecimento. E toda a lama e rejeitos são destinados a estes reservatórios. Aqui, o próprio minério é a lama, no caso a argila”, cita Marcis, um dos responsáveis pelo estudo do Plano Diretor do Polo Minero-Cerâmico de Santa Gertrudes elaborado em 2012.

“Em Rio Claro temos uma história muito antiga da década de 40 e 50 com as olarias. Estes empreendimentos até a década de 70 aconteciam informalmente. Com a mudança da legislação ambiental na década de 80, hoje não existem empreendimentos operando de forma não oficial”, comenta.

Barragem de mineradora se rompe na região de Mariana (Foto: Corpo de Bombeiros-MG)
Barragem de mineradora se rompe na região de Mariana (Foto: Corpo de Bombeiros-MG)

“No estudo que realizamos em 2012, constatamos que havia 50 empreendimentos minerários no polo que envolve Rio Claro, Santa Gertrudes, Cordeirópolis, Ipeúna e Iracemápolis. Destes, 30 eram cavas de argila, todas legalizadas e licenciadas. O que pode acontecer é a argila ser carreada para córregos, já que ela não é beneficiada. Então existem tanques para conter as águas superficiais. Já foram registrados problemas como com a Goiapá, em Santa Gertrudes, que foi desativada. O passivo da atividade é a poeira e a questão da água. Estamos preparando uma proposta para o IPT analisar as cavas de argila e o potencial hídrico. Acredito que, se bem gerenciadas, você pode transformar um passivo em algo benéfico”, concluiu.

Em nota, o Serviço Geológico Brasileiro disse que “desenvolveu na região o trabalho Informe de Recursos Minerais – Série Rochas e Minerais Industriais, nº 11 – Projeto Polo Cerâmico de Santa Gertrudes, com o objetivo de ampliar o conhecimento geológico e ressaltar a potencialidade dos sedimentos da Formação Corumbataí como fonte da matéria-prima para a industria cerâmica.

Sobre esse e demais bens minerais, quem pode dar maiores esclarecimentos é o DNPM”, comentou.

O DNPM não se pronunciou até o fechamento desta edição.

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