As motogirls que estão na área há muitos anos comentam que o maior desafio é o trânsito

Com a pandemia e a necessidade de fechamento do comércio para a prevenção à Covid-19, a demanda por serviços de delivery cresceu e se tornou uma opção para as pessoas que perderam ou tiveram a renda reduzida. Em uma área majoritariamente masculina, as mulheres representam 25% do total de motociclistas no Estado de São Paulo e buscam seu espaço enfrentando desafios diários sobre duas rodas. Segundo dados do Detran.SP, de janeiro de 2019 a janeiro deste ano, houve um aumento de 8% no número de mulheres habilitadas em todas as categorias para a condução de motocicletas, passando de 2,2 milhões para quase 2,5 milhões.

Na cidade de Rio Claro as mulheres estão pilotando motocicletas há muitos anos, fazendo diversos tipos de entregas, Vanessa Kelly tem 37 anos e está na profissão há 17 anos e conta que tudo começou com o convite de uma amiga.

“Comecei sem nenhuma experiência, com o chamado de uma amiga minha e gostei muito da profissão, comecei fazendo entregas de remédio, foi minha primeira entrega e não parei mais nessa área. Também entreguei pizzas durante uns dez anos e agora trabalho na pizzaria na área interna”, conta a motogirl.

Sobre os desafios encontrados na profissão, Vanessa é taxativa ao falar que o trânsito é o maior deles.

“Não sinto preconceito por ser mulher e pilotar uma moto, para mim o maior desafio é o respeito no trânsito mesmo, é preciso ter muita atenção para não sofrer nenhum acidente”, conta a mulher, que é casada e mãe de três filhos, que quando começou na profissão na cidade havia poucas mulheres na área.

Valdriana Barthmann tem 45 anos, é motogirl há oito anos, também entrega remédios e começou fazendo delivery para uma rotisserie, mas já entregou pães, frios e marmitas.

Casada, a motogirl também acredita que o maior desafio da profissão é o trânsito, tanto para os homens quanto para as mulheres.

“Todo cuidado é pouco, precisamos estar muito atentas. Comecei cobrindo férias de um amigo, já conhecia a cidade, pois fazia entregas de Kombi e acabei pegando o gosto pela profissão e há dois anos entrego remédios”, conta a motogirl que já foi vítima de acidente uma vez, quando atingiram sua motocicleta.

Josiane de Aguiar de Souza, de 45 anos, está há 10 anos na profissão e é parceria de Vanessa e de Val nas entregas e conta que entrou como ajudante geral numa farmácia e eventualmente fazia entregas também.

“Acabei pegando o gosto por fazer entregas, comecei e não quis mais parar, gosto muito da minha profissão e entendo os desafios encontrados no trânsito e os cuidados que devemos tomar”, fala a motogirl, casada e mãe de duas filhas.

Um levantamento feito no ano passado pelo Infosiga SP, banco de dados do Programa Respeito à Vida gerenciado pelo Detran.SP, apontou que somente 6,3% dos casos de acidentes de trânsito envolvem mulheres na direção (todos os modais), um percentual 16 vezes menor do que o número de acidentes com homens ao volante. As condutoras do sexo feminino representam 40% dos motoristas de todo o Estado, um total de cerca de 26 milhões de condutores. De janeiro de 2016 a janeiro de 2021, 407 motofretistas homens perderam a vida no Estado, enquanto entre mulheres motofretistas três óbitos envolvendo acidentes foram registrados.

Josiane A. de Souza, Vanessa Kelly e Val Barthmann entregam medicamentos diariamente

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.