A ‘Reportagem da Semana’ deste domingo (17) está recheada de coragem, amor e companheirismo ao dar espaço à história de uma rio-clarense que está numa dura batalha pela vida, enfrentando o câncer de mama. E é nessa luta que ela descobriu uma nova oportunidade de viver e hoje é exemplo para quem, assim como ela, enfrenta a doença.

Mas ela não está sozinha nessa. Neste mês, quando acontece a campanha ‘Outubro Rosa’, centenas de histórias como a dela se destacam e alertam sobre esse tipo de câncer que, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), é o que mais acomete mulheres em todo o mundo.

Ainda de acordo com o órgão, cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. Para o Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

Demonstração de amor

Aline Persicheto Martinez, de 36 anos, teve o diagnóstico de câncer de mama confirmado em 10 de agosto deste ano. Mas o que mais marcou esse momento da vida da auxiliar administrativa foi uma atitude do marido, o balconista Dougllas Lustosa, de 38 anos. Ele raspou o próprio cabelo em uma demonstração de amor à Aline, o que deixou a luta contra o câncer mais leve.

A rio-clarense decidiu raspar o cabelo, uma vez que os fios estavam caindo por conta da quimioterapia. “Ele disse que estaria comigo em todos os momentos da minha vida. E, quando eu fiquei careca, não foi diferente. Foi logo raspar também. Nossa relação é de muito afeto e companheirismo. Sem dúvida, mais uma prova de amor”, disse ela.

Lustosa, em poucas palavras, resumiu a prova de amor: “Fiz isso para dar uma força para ela no tratamento. E, a cada dia que passa, ela fica mais linda”, contou.

A doença e o apoio

Aline descobriu um nódulo na mama esquerda enquanto amamentava o filho Murilo, de 1 ano e cinco meses. Imediatamente foi à médica, que pediu um exame de mamografia. O resultado, infelizmente, foi de um tumor maligno relacionado à sua genética.

A auxiliar administrativa vai completar quatro sessões de quimioterapia vermelha, chamada assim devido à medicação utilizada no tratamento. Depois, ela passará por 16 sessões de quimioterapia branca, também denominada assim pelos medicamentos. Para ela, que também é mãe do Miguel, de 5 anos, o apoio da família e dos amigos é essencial para passar pelo tratamento e superar a doença.

“Primeiro, me senti em desespero, já imaginando o pior. Mas graças a Deus tive dois grandes médicos que de imediato me ajudaram, me deram suporte e me orientaram. O apoio da minha família também está sendo fundamental. Sem eles, eu nem estaria de pé. Me sinto abençoada com cada mensagem de força e fé, o que aumenta minha energia, fazendo com que eu fique mais forte para enfrentar essa batalha”, relatou.

Andar com fé

Pesquisas comprovam que a espiritualidade também é uma aliada no enfrentamento ao câncer. E fé não faltou para Aline que a listou como fundamental para o tratamento seguir mais leve.

“Tenho muita certeza que já estou me curando. Cada quimioterapia que faço imagino minha cura. Por mais difícil que seja, o corpo fica mais debilitado, os dias não são fáceis, mas vejo e recebo sempre com alegria e gratidão, pois é mais uma fase superada e mais próxima da cura estarei.  Agradeço todo dia a Deus por me dar essa oportunidade de ver a vida de outra forma. Esse momento me fez refletir muito. Acredito que estamos nesse mundo para viver e evoluir como pessoa e espírito”, contou.

A história de Aline, sem dúvida, é inspiradora e reforça a importância do diagnóstico precoce, o que pode garantir uma alta taxa de cura. Felizmente, no Brasil, a maioria dos casos de câncer de mama tem desfecho feliz.

Prevenção, então, é a palavra, por meio do autoexame e das mamografias periódicas. Vale procurar o serviço de saúde mais próximo de sua casa e obter informações, seja num Outubro Rosa, ou em qualquer época do ano.

Mastologista fala sobre a importância da mamografia

A pandemia de covid-19 trouxe uma queda nos exames de câncer de mama. Em 2020, o número de mamografias de rastreamento realizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em mulheres entre 50 e 69 anos caiu 42% em comparação ao ano anterior.

A Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendam que o exame seja feito anualmente em mulheres a partir dos 40 anos. No contexto do SUS (Sistema Único de Saúde), a indicação do Ministério da Saúde é que a mamografia seja realizada a cada dois anos em mulheres com idade entre 50 e 90 anos.

Recentemente nos estúdios da Rádio Jovem Pan News de Rio Claro, o  médico mastologista Daniel Buttros tirou algumas dúvidas sobre o câncer de mama e disse que na cidade de Rio Claro, mulheres a partir dos 40 anos já estão recebendo a solicitação para mamografia.

“Existe um estudo brasileiro chamado Amazonas que mostra que 30% das mulheres que tiveram câncer de mama no Brasil estão abaixo dos 50 anos. É um índice muito alto. É uma faixa etária que precisa de atenção e aqui na cidade a gente já dá”, disse ele.

A mamografia é a porta de entrada dos diagnósticos e a ideia é que ela antecipe o surgimento de sinais da doença. Junto ou posteriormente a ela, explicam os especialistas, podem ser solicitados exames de ultrassom, ressonância magnética e biópsia.

Entre os sintomas do câncer de mama, estão nódulos (caroços) nos seios, axilas ou pescoço, alterações de cor ou retração na pele das mamas ou no bico do peito e saída de líquidos anormais dos mamilos. O tratamento é definido de acordo com o subtipo do tumor, o tamanho e a existência ou não de metástase.

Buttros afirmou que é fundamental que o autoexame das mamas seja feito mensalmente. “Para todas as mulheres a partir dos 20 anos é importante palpar, sempre no período pré-menstrual. Agora, junto disso, mamografia anual a partir dos 40. E essa somatória faz com que a prevenção se eleve para outro nível”.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.