No primeiro semestre de 2025, Rio Claro registrou queda significativa nos diagnósticos de hepatites virais em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com dados do Serviço Especializado de Prevenção e Assistência para IST/Aids/Hepatites Virais (Sepa), da Fundação Municipal de Saúde, até o momento foram registrados 12 casos de hepatite C este ano. Em 2024, o município havia contabilizado 53 notificações: 41 de hepatite C e 11 de hepatite B – o maior volume dos últimos cinco anos. A redução reforça a importância da testagem e da vigilância ativa, especialmente no período da campanha Junho Amarelo.
As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e muitas vezes evoluem sem sintomas. Os principais tipos diagnosticados são A, B e C. Os sintomas, quando presentes, são inespecíficos e incluem cansaço, febre leve, enjoo, urina escura e pele amarelada. O diagnóstico tardio pode resultar em complicações graves como cirrose, insuficiência hepática e câncer.
Em Rio Claro, o Sepa tem intensificado as ações de testagem durante a campanha. Além dos atendimentos em sua sede (Av. 19, nº 1045), equipes estão atuando em ações externas, incluindo unidades móveis em áreas de grande circulação como comércio, indústria e instituições como a Unesp. O serviço também distribuiu testes rápidos às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Saúde da Família (USFs), ampliando o acesso ao diagnóstico.
Para a médica infectologista Suzi Berbert, que atua no Sepa, a melhor forma de proteção é manter hábitos seguros e buscar informação. O diagnóstico precoce salva vidas e interrompe a cadeia de transmissão. Confira a seguir a entrevista com a representante da Fundação Municipal de Saúde e tire as suas dúvidas.
Qual a importância da testagem rápida oferecida pelo serviço do Sepa?
A testagem rápida é fundamental porque permite identificar a infecção precocemente, de forma simples e segura, com resultado em cerca de 30 minutos. O diagnóstico precoce evita complicações graves, como cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado, e possibilita o início do acompanhamento e tratamento adequado. Qualquer pessoa pode procurar uma UBS, USF ou mesmo o SEPA se quiser ser testada.
Quais são as principais formas de contágio das hepatites B e C, que exigem maior atenção na prevenção?
As hepatites B e C são transmitidas principalmente por contato com sangue contaminado. Isso pode ocorrer por meio do compartilhamento de seringas e agulhas, do uso de materiais de manicure, tatuagem ou piercings que não foram devidamente esterilizados, ou ainda em procedimentos de saúde sem as devidas medidas de biossegurança. A hepatite B também pode ser transmitida por relação sexual desprotegida, sendo essa uma das principais formas de contágio em pessoas jovens e sexualmente ativas.
A prevenção envolve uso de preservativos em todas as relações sexuais, não compartilhamento de objetos perfurocortantes, verificação das condições de higiene e esterilização em salões de beleza, estúdios de tatuagem e serviços de saúde. É importante reforçar que, hoje, as transfusões de sangue são seguras, pois o controle de qualidade nos bancos de sangue é rigoroso e todos os materiais são descartáveis e testados.
Quais os grupos mais vulneráveis à infecção por hepatites virais e como essas pessoas podem se proteger?
Os grupos mais vulneráveis à infecção por hepatites virais são aqueles com maior risco de exposição ao sangue contaminado ou a práticas sexuais desprotegidas. Entre eles estão: pessoas que usam drogas injetáveis, homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo, pessoas privadas de liberdade, pessoas que receberam transfusões antes de 1993, profissionais da saúde e familiares de pessoas com hepatite viral.
A proteção desses grupos envolve diversas estratégias, como testagem periódica para diagnóstico precoce, uso de preservativos em todas as relações sexuais, não compartilhamento de objetos cortantes ou perfurocortantes, como seringas, lâminas, alicates e escovas de dente, vacinação contra hepatite B, que está disponível gratuitamente pelo SUS, e para quem já tem diagnóstico, acompanhamento clínico regular e tratamento adequado, que também é oferecido gratuitamente. A melhor forma de se proteger é buscar informação, realizar os testes e, sempre que possível, manter hábitos seguros.
Para quem já foi diagnosticado com hepatite, quais são os riscos de complicações e qual a importância do acompanhamento especializado?
A hepatite B pode evoluir para uma forma crônica e a hepatite C costuma se cronificar na maioria dos casos, podendo levar a fibrose, cirrose hepática, insuficiência hepática ou câncer de fígado. Por isso, é essencial que o paciente seja acompanhado por uma equipe especializada, com exames periódicos e tratamento adequado, que hoje está disponível no SUS, especialmente no SEPA e serviços de referência regional.
Vacinas contra hepatite A e B estão disponíveis no SUS. Quem deve procurar essas imunizações e como saber se está protegido?
A vacina contra hepatite B está disponível para todas as faixas etárias, desde recém-nascidos até adultos que ainda não se vacinaram. Já a vacina contra hepatite A é oferecida a crianças de 15 meses a menores de 5 anos, e para grupos específicos com indicação médica, como pacientes com outros tipos de doenças no fígado ou imunodeprimidos. A pessoa pode verificar sua caderneta de vacinação ou procurar a unidade de saúde mais próxima. Quem não tem certeza se está protegido, pode tomar a vacina sem risco, pois não há problema em receber doses extras.