Neste sábado (20), a conquista da Lua completa 50 anos. O pouso do módulo Eagle, da Apollo 11, e o desembarque de Neil Armstrong no solo lunar ficou marcado pela frase “um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”.

A proeza foi tão grande que, cinco décadas após o 20 de julho de 1969, o feito ainda fascina, principalmente, aqueles que participaram, de alguma forma, do projeto.

O coordenador do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum (OAPES), Nelson Travnik, conta que foi um dos observadores brasileiros credenciados pela Nasa (agência espacial americana), responsável pela missão Apollo, a atuar como observador lunar. “Nós ficávamos o tempo todo observando a Lua e a orientação era para comunicar qualquer evento estranho”, relembra Travnik.

A preocupação, segundo Travnik, era com “fenômenos que aconteciam na superfície lunar que não tinham uma explicação satisfatória e poderiam representar algum perigo na hora do pouso”. Além dos brasileiros, observadores de várias partes do mundo participaram da missão, com essa mesma orientação.

Nessa época, Travnik trabalhava em Minas Gerais, no observatório Astronômico Flammarion, da cidade de Matias Barbosa. No Brasil, a equipe era coordenada pelo astrônomo chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, que morreu no dia 25 de julho de 2014, aos 75 anos. O trabalho era denominado LION (rede de observadores internacionais), na sigla em inglês.

Mas a participação brasileira na epopeia não ficou apenas na observação. A água da cidade de Lindoia foi a escolhida pela Nasa para os astronautas ingerirem no espaço. “Quando conto isso em minhas palestras e alguém duvida, mostro a foto da nota fiscal (da venda do produto)”, comenta.

A decisão da Nasa de escolher a água de Lindóia estava amparada em estudo de 1926, da polonesa Marie Sklodowska Curie, uma das mais conceituadas cientistas do início do século passado, que atestou a qualidade excepcional de radioatividade da água, poder diurético e sais minerais. Cem frascos de meio litro da água foram vendidos para a Nasa.

A relação dos rio-clarenses com o momento histórico

Memória

Paulo José Palota tinha dez anos quando assistiu à chegada do homem à Lua. Cinco décadas depois, ainda, lembra-se do momento histórico. “Assisti ao evento pela TV, com muita emoção. Para mim, significou avanço tecnológico e a coragem do homem de enfrentar o espaço”, conta o tenente-coronel da reserva.

Aficionado desde pequeno por automóveis e máquinas que voam, vibrou com aquele feito único. Tanto tempo se passou e, ainda, mantém essa adoração que é passada entre gerações. “Meu filho, por exemplo, que desde cedo voava comigo, se inspirou e, hoje, é piloto de caça da FAB”, comenta Palota.

Entre o céu e a Terra, a certeza que tem é que o homem pisou na Lua. “Com toda certeza! Acredito, ainda, que voltarão a pisá-la, para reflexão sobre cuidarmos melhor do nosso planeta Terra”, conclui.

De olho na Lua

Há algum tempo, o professor Fabrizzio Carlos Anunciato Montezzo, 44, estuda o movimento da Lua, a ascensão reta, sua declinação, altura e azimute, as fases diárias que tem, e não apenas as quatro principais. A cada dia, a fotografa pelo telescópio, verifica a sua passagem meridiana, a constelação em que está e a atuação na força de maré sobre os oceanos na Terra.

“A sensação é muito boa quando você sabe desses detalhes do nosso satélite natural e explica para as pessoas e elas entendem, quebrando aquela concepção alternativa que se carrega por um longo tempo. É muito gratificante”, afirma Montezzo.

Desde 2008, o professor integra o Grupo de Estudos Astronômicos de Rio Claro (Gearc). Ele sempre gostou de ler sobre Ciência e espaço, e livros como os dos autores Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Isaac Asimov, Júlio Verne, H.G. Wells, Carl Sagan. Consultas em enciclopédias – como a Barsa – o motivaram, também, ao estudo da Astronomia.

Segundo acredita, o avanço que temos hoje em relação à tecnologia se deve muito a pesquisas da época para a corrida espacial. Desde um recipiente para não degradar o alimento até sistemas integrados, e microprocessadores cada vez menores, nos dão, no dia a dia, um conforto inigualável. A pesquisa científica tem que ter uma motivação, pensando para o bem comum da humanidade.

“A conquista da Lua tem que ser vista dessa forma e não podemos parar. Voltar para lá, ir para Marte e colonizar o sistema solar todo é para o bem da humanidade, não podemos ficar só na Terra. Mas a exploração da Lua tem que seguir rigorosamente o tratado internacional que já existe. Espero que isso seja feito”, reforça o professor.

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