Tote Nunes – Folhapress

Antes de o carrinho iniciar a subida da montanha-russa Montezum no último sábado (11), frequentadores do parque Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, alertaram funcionários aos gritos de que a trava de segurança do equipamento havia se soltado.

A afirmação foi feita à reportagem nesta terça-feira (14) pelo analista de sistemas Caio Matos. Ele conta que estava na plataforma de espera quando a montanha-russa iniciou o percurso. Segundo Matos, ele e outras pessoas na plataforma gritaram para indicar o problema.

Naquele dia, a trava de segurança se soltou na mão de um dos frequentadores quando o brinquedo já estava na rota da primeira subida. A viagem teve de ser interrompida, e os usuários precisaram ser resgatados do alto do aparelho.

“Vi quando o rapaz [que estava sentado na cadeira com problemas] reclamou. Mas não foi nada alarmante”, disse Matos. “Mas logo em seguida, quando o carrinho começou a se movimentar, outras pessoas começaram a gritar. Eu mesmo gritei. E foram mais de três vezes que as pessoas gritaram, mas o funcionário dizia que, se a trava não estivesse fechada, o carrinho não andaria.”

“Uma mulher que estava ao lado do rapaz, acho que era parente dele, começou a gritar muito, mas o carrinho não parou”, continua Caio.

“O mais absurdo não foi o problema técnico, mas um monte de gente pedindo para que o brinquedo parasse e ele não parou. O mais absurdo é a gente ver esse tipo de pedido ser, assim, descartado”, concluiu ele.

Antes de atingir o pico para a descida de uma rampa, os frequentadores levantaram as mãos em forma de xis –um sinal de alerta instituído pelo próprio parque para avisar que está havendo algum problema ou alguém pedindo para que o brinquedo seja parado. Foi só então que o brinquedo parou e teve início a operação de resgate das pessoas.

O analista conta que chegou a ver o desespero do rapaz. “Ele tava tremendo. As pessoas que estavam em volta dele estavam chorando”, conta.

Matos diz que não conseguiu falar com os funcionários depois que o incidente aconteceu. “Eles evacuaram a área, não deixaram a gente ficar lá, mas eu queria dizer umas boas para eles.”

A cena do carrinho paralisado no alto da montanha-russa assustou quem estava em brinquedos próximos, como o analista de suporte Carlos Eduardo Oliveira Viana, 32.

“Nossa! Dava para ver o rapaz com a trava na mão. Eu conheço dezenas de parques no Brasil e fora do Brasil, em Orlando, Ohio [ambos nos Estados Unidos], e posso dizer que em todos eles aquela trava não é a trava redundante, como diz a diretoria do Hopi Hari. É a trava principal”, diz ele.

“Acho que ele [o frequentador] estava desprotegido, sim. Tanto que foi o primeiro a ser retirado pelos funcionários”, afirma. Segundo Viana, a intervenção do pessoal de apoio do parque foi rápida.

A reportagem entrou em contato com a direção do parque sobre os depoimentos dos dois frequentadores que estiveram no parque no último sábado, mas até o momento não teve respostas.

Cerca de 6.000 pessoas passaram pelo parque no sábado. A Montezum tem capacidade para transportar até 12 mil pessoas por dia.

Anteriormente, a direção do parque divulgou uma nota oficial sobre o incidente.

No comunicado, de segunda-feira (13), Reconheceu a existência do problema, mas garantiu que foram adotadas as medidas de segurança previstas.

“Imediatamente a equipe responsável pela operação suspendeu o ciclo e iniciou a análise da ocorrência”, informou a diretoria do parque na nota.

Segundo a direção, o protocolo em casa de parada técnica foi iniciado e todos os visitantes foram desembarcados. Diz ainda que os assentos dos dois carros foram inspecionados.

O Hopi Hari afirma que mantém inspeções diárias na atração. Informa ainda que os atendentes realizam dupla checagem das travas e cintos de segurança, antes de liberação da viagem.

Garante que os assentos possuem geometria e divisória lateral para auxiliar na contenção do visitante em sua posição.
Por fim, diz que só trabalha com peças originais e que está em contato com a fabricante “em busca de melhorias no processo”.

Em 2012, uma adolescente de 14 anos morreu ao cair de um brinquedo no Hopi Hari. A garota estava numa atração conhecida como elevador La Tour Eiffel, um equipamento de 70 metros de altura, quando a trava de segurança se rompeu.

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