A professora Zuleica Aparecida Freitas Cegagno

Lucas Calore

A professora Zuleica Aparecida Freitas Cegagno
A professora Zuleica Aparecida Freitas Cegagno

A série de reportagens sobre leitores que tiveram que enfrentar a difícil luta contra o câncer termina de uma forma diferente. Foram diversos relatos de pessoas que venceram a doença, mas dessa vez o JC traz a história da professora Zuleica Aparecida Freitas Cegagno, de 43 anos. Ela, que é casada e tem três filhos, atua na área de educação da rede municipal de Santa Gertrudes. O sorriso estampado constantemente em seu rosto esconde uma realidade que existe em sua vida desde abril.

Naquele mês, Zuleica se consultou com um médico, pois estava sentindo uma dor que afetava seu dia a dia. A dor vinha de um caroço em uma das mamas e se estendia para o braço. Apesar de não ter nenhum caso de câncer de mama na família, a suspeita que poderia ser diagnosticada com a doença existia. Alguns dias depois, retornou ao consultório para saber o resultado dos exames. “Estava ansiosa, nervosa, com medo, porém com a esperança de que não fosse nada de mais grave. Lembro-me dos minutos de tortura que antecederam a entrada na sala, (Roger) meu marido, que por sinal esteve sempre comigo, pode falar o quanto minhas mãos suavam e da força que elas exerciam sobre as dele, num pedido de socorro”, detalha.

O resultado foi confirmado e não foi dos melhores, Zuleica estava realmente com câncer. Como o diagnóstico foi precoce, optou por fazer a cirurgia o quanto antes. O procedimento foi realizado em junho e foi um sucesso, sem metástase e com a mama preservada. “Tínhamos a esperança de que não precisasse fazer a quimioterapia, mas dias depois chegou o resultado da análise do tumor retirado, e não só seria necessário, como o único tratamento que traria um resultado mais efetivo para a cura. Criamos coragem e juntos partimos pra luta”, conta a professora.

Zuleica, com toda força que uma mãe tem, não temeu retirar a mama caso precisasse, nem perder os cabelos. “O meu desejo sempre foi ficar bem”, diz. Ela preferiu continuar trabalhando e estudando, e está para finalizar sua segunda pós-graduação. Em alguns dias ela fica afastada dessa rotina após o processo de ‘químio’, às vezes por conta das dores. Quando fica desanimada, logo trata de se animar e enfrentar o dia. “O câncer mexe muito com o psicológico e, se deixarmos, ele nos leva para o fundo do poço, temos que acreditar na nossa força e principalmente em Deus. O trabalho tem me ajudado, sempre que volto sou recebida com alegria e apoio de todos da escola. Meus alunos me recebem com abraços, beijos, são muito carinhosos, vêm com receitas para o cabelo crescer forte, querem saber se meu cabelo está crescendo, quando vou ficar boa. Não me arrependi por ter compartilhado com eles este meu momento”, relata.

A professora já terminou as químios vermelhas e iniciou as brancas na semana passada, e dessa vez está sendo mais difícil. Em breve deverá fazer, também, a radioterapia. Seu cabelo caiu entre a segunda e terceira sessão da químio vermelha, há alguns meses. Apesar disso, ela conta que “tirou de letra”. “Ganhei vários lenços, comprei alguns, acho um charme e, sinceramente, a parte que me faz bem é quando alguém elogia as amarrações, ou fala que nem parece que estou em tratamento. Quando estou bem, vou trabalhar, faço caminhada, ando de bicicleta, sempre respeitando os meus limites e com orientação médica, tomo muita água e cuido mais da alimentação. A acupuntura tem ajudado muito”, diz.

Ela revelou que seus cabelos estão começando a crescer novamente – “Que alegria!”. “Minhas unhas que estavam escuras começaram a dar sinal de vida novamente. VIDA que corre dentro de mim”, orgulha-se. Zuleica avalia que a família e os amigos são de fundamental importância neste momento e fazem muita diferença no tratamento com palavras de conforto. “Cuidam e se preocupam com a gente como nunca, fazem tudo para que fiquemos bem”, conta.

“Agradeço ao meu médico, Dr. Ibrahim Buttros, sua equipe e sua esposa Marina por serem tão humanos e atenciosos, aos profissionais da oncologia da Santa Casa de Rio Claro, à Rede de Combate ao Câncer Carmem Prudente e a todas as pessoas que em algum momento passaram ou irão passar por minha vida ajudando na superação desta fase. Resumindo, só tenho a agradecer a Deus por ter me dado uma chance de lutar, mudar a minha vida e dos que estão ao meu redor. Força, fé e gratidão… Sempre!”, finaliza.

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