A Escola Estadual “Profa. Zita de Godoy Camargo” fica na Avenida M-17A, no Cervezão, e vem tornando-se referência quando o assunto é inclusão. Em todas as salas, de 11 a 18 anos, existe ao menos uma inclusão, contribuindo de forma enriquecedora em diversos aspectos para o crescimento educacional e social da comunidade escolar. A reportagem do JC teve o prazer de passar uma manhã nas dependências da instituição de ensino, conversando com a direção, professores, alunos e suas famílias.
No comando das atividades está Maria Fernanda Leme Belchior, diretora. A profissional fala sobre a guinada que a Educação Especial recebeu na escola e os benefícios alcançados como um todo no ambiente.
“O Ensino Especial já existia aqui, mas estava fraco. Em 2025, tivemos um alinhamento e começamos a trabalhar com afinco, sem parar, pensando no que poderíamos melhorar. Atualmente, temos 32 inclusões, algumas delas com laudo e diferentes necessidades educacionais. Cada um deles é prioridade e recebe acompanhamento individualizado”, explica.
Sobre os desafios, Maria Fernanda explica que passam por adaptação de materiais, formação de professores e articulação de recursos.
“A maior conquista é ver que aqui todos aprendem juntos. A inclusão não é apenas uma política da escola, é nossa identidade”, reforça e segue. “Mantemos um diálogo constante com as famílias para que se sintam seguras e parceiras no processo. Nosso compromisso é garantir que cada aluno avance não só academicamente, mas também emocionalmente e socialmente, e, com a inclusão, toda a comunidade escolar é atingida por esta corrente poderosa.”
A diretora cita ainda uma célebre frase do poeta, escritor, advogado e dramaturgo brasileiro Oswald de Andrade, falecido em 1954: “A alegria é a prova dos nove”.
“Vemos aqui profissionais engajados, preocupados com o trabalho e focados no mesmo objetivo. É um trabalho coletivo que nos permite colher bons frutos, felizmente”, aponta.
Edilaine dos Santos Lopes é mãe de Ricardo Lopes Augusto Morlin Alves, de 12 anos. No sexto ano do Ensino Fundamental, Ricardinho, como é carinhosamente chamado por todos, está em processo de alfabetização, e a mãe vê a escola como fundamental.
“Ricardinho estudava em uma escola de período integral, mas percebi a necessidade de mudança. Busquei uma escola de meio período e, desde março deste ano, ele está aqui no Zita. Sua evolução é muito boa e perceptível. Dentro da sala de aula, ele possui professor auxiliar e, na parte externa, recebe auxílio das cuidadoras para alimentação, banheiro e tudo que é necessário”, explica a mãe.
Para a reportagem, Ricardinho, que tem Síndrome de Williams, contou que gosta muito de pintar e que, recentemente, ganhou um livro da Patrulha Canina como parte de uma atividade adaptada, para que possa trabalhar a questão das cores e também das linhas.
Ricardinho, assim como os demais alunos da Educação Especial, frequenta a Sala de Recursos e Ensino Colaborativo, onde Cilsa Cecília Franchiato atua.
“Aqui é onde conseguimos dar um suporte mais específico. Trabalhamos habilidades cognitivas, motoras e sociais de acordo com cada aluno. O objetivo é fortalecer a aprendizagem para que eles participem com mais segurança da sala regular. Usamos jogos pedagógicos, atividades sensoriais, leitura com apoio visual e recursos tecnológicos, tudo pensado para estimular a autonomia e o desenvolvimento”, explica a professora.
Questionada sobre como vê o trabalho realizado, Cilsa fala sobre a emoção de acompanhar a evolução dos alunos.
“Às vezes, um aluno chega tímido, sem acreditar em si mesmo, e, ao longo do ano, conseguimos ver a confiança e a alegria surgindo. É a prova de que a inclusão transforma vidas!”
Priscila Spatti é mãe de Maria Eduarda Dionysio Spatti, de 12 anos, que ingressou na escola em abril de 2025 e está na mesma sala regular de Ricardinho, o sexto ano. Maria conta ser uma grande fã de tudo que ocorre por lá.
“Gosto de tudo que acontece na escola, das brincadeiras, das atividades, de tudo, mas principalmente das brincadeiras”, conta.
Para a mãe, a mudança que vem ocorrendo na vida de Maria tem sido maravilhosa.
“Vejo a evolução da minha filha, tanto no social quanto no pedagógico. Cada fase tem seu desafio, mas vejo de forma muito positiva tudo que vem ocorrendo. A escola é a segunda casa dela, aqui encontramos muito amor, empatia e, acima de tudo, inclusão”, aponta.
Priscila fala ainda sobre o sofrimento materno para encontrar uma instituição realmente preparada e engajada.
“Sabemos o quão sofrido é encontrar uma escola para nossos filhos quando falamos de inclusão. Estávamos buscando, e foi o Zita que nos abriu as portas. Vemos como é importante esse caminhar entre escola e família, que é estabelecido aqui”, fala a mãe.
Pedro Henrique Matias da Silva tem 13 anos e está na sétima série. Matriculado há dois anos no colégio, ainda não possui laudo, mas integra a Educação Especial.
“Eu conheci a escola por causa dos meus irmãos e do meu tio. Gosto muito de estudar, de conhecer gente nova, e a minha disciplina favorita é a matemática. Gosto de estar com os meus amigos, pois juntos superamos todos os obstáculos”, conta ele.
Apaixonado por futebol, ele conta que a sala de aula para ele é muito importante.
“É como se fosse minha vida. Nas férias, fico com muita saudade de todos, principalmente da Jéssica”, explica.
Jéssica Oliveira Gomes é professora da Educação Especial, graduada em Psicologia e pós-graduada em Educação Especial com ênfase em Transtorno do Espectro Autista (TEA), e é a professora que acompanha Pedro nas atividades dentro da sala regular.
“Eu acredito que a Educação inclusiva transforma vidas e que cada aluno tem um potencial para desenvolver quando encontra o apoio adequado. E é exatamente isso que buscamos fazer aqui.”
Jaqueline Cristina da Silva Oliveira também atua como professora da Educação Especial e fecha a conversa tratando da importância do entendimento, do pertencimento e do trabalho conjunto entre escola e família.
“Acredito que a receita para desenvolver nosso trabalho é amor e união. Somos professoras facilitadoras e conseguimos contribuir para que todos possam aprender mais e melhor, para que todos entendam o que é a inclusão, conviver com as diferenças, as reações e a união entre família e escola se faz mais do que necessária. Nosso trabalho aqui é a extensão do que acontece em casa, e em casa a extensão do que ocorre aqui, então a conexão tem que existir. Trabalhamos autonomia através de um olhar individualizado, com foco no pertencimento”, finaliza.
