Sidney Navas

Radicada no bairro Jardim Progresso há mais de três décadas, mulher se empenha na defesa dos bichos abandonados e perdeu as contas de quantos cães e gatos conseguiu livrar da morte

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Não se engane com as primeiras impressões. Ela até pode parecer frágil como um ‘filhotinho’ recém-nascido e assustado, mas sabe ser forte e protetora como uma leoa feroz que não mede esforços para garantir a integridade de sua cria na luta pela sobrevivência. Essa é Dulce Faria, tosadora e criadora de cães profissional há cerca de 35 anos. Assim que chegou de São Paulo, bem mocinha mesmo, morou em vários bairros de Rio Claro, mas desde o final da década de 90 elegeu a região do Grande Cervezão como sendo seu verdadeiro asilo inviolável e permanente.  “Me sinto feliz e realizada. A simplicidade e a alegria de viver das pessoas daqui são incríveis. Nos envolve. O que me entristece é o desprezo com os animais domésticos”, dispara.

Sua afirmação encontra respaldo em razão do comportamento equivocado de algumas pessoas que durante muito tempo insistiam em abandonar os filhotes de cães e gatos na porta de sua residência no Jardim Progresso. “Essa fase já passou. Na medida do possível tentava colaborar, mas essa tarefa era complicada demais. Infelizmente nem sempre lograva êxito em sustentar todos os bichinhos abandonados por seus donos, além daqueles do meu próprio canil. A única saída foi despertar a consciência popular. Alguns aprenderam. Outros não, já que situações do tipo ainda persistem não só aqui como em todo o perímetro urbano e demais municípios brasileiros”, diz.

Satisfeita com seu papel de relevante cunho social em difundir a posse responsável junto à comunidade, Dulce Faria comenta que perdeu as contas de quantas vidas acabaram salvas graças as suas iniciativas e amor incondicional pelos animais. “Dentro das minhas possibilidades acolhia alguns filhotes. Para outros eu arranjava um lar seguro, mas nunca, em nenhuma hipótese tentava devolver ao dono aquilo que ele tinha desprezado de maneira cruel e covarde. Não iria adiantar nada. O negócio era alertar a coletividade sobre a responsabilidade em ter e criar um animal até o fim aconteça o que acontecer”, completa.

Apesar de suas intervenções o cenário pouco permanece quase o mesmo. Além de cães e gatos, é comum avistar cavalos, bois e vacas perambulando entre os carros, caminhões, ônibus, motos e bicicletas ameaçando a segurança dos motoristas. “Com o passar do tempo esse problema parece ter aumentado consideravelmente e sem controle. Políticas públicas precisam ser implementadas o quanto antes. Quando mudei pra cá não via tanto bicho solto como acontece hoje. O bairro se desenvolveu com a vinda do asfalto e demais melhorias. A realidade é outra a não ser a ignorância de alguns que preferem tratar os bichinhos como se fossem lixo pronto para serem descartados. É revoltante”, desabafa.

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