Caminhão que trouxe merenda ‘doada’ para a cidade de Rio Claro foi interceptado e levado para a delegacia após fiscalização. Prefeitura não se manifesta sobre situação

Motorista diz que empresa faria “doação” para a Prefeitura de Rio Claro. Funcionários tiveram que prestar depoimento e alegam não saber da origem

Uma confusão se instalou na Secretaria Municipal de Educação na manhã dessa terça-feira (4) e o assunto foi parar no plantão policial, onde um boletim de ocorrência precisou ser registrado. Trata-se da chegada de um caminhão vindo da capital paulista para fazer a entrega de merenda escolar para o município. Entre os itens centenas de cereais, biscoitos, temperos, leites e derivados, macarrão, óleo, molho de tomate e vinagre. O alimento seria entregue no departamento de merendas da pasta na Prefeitura.

Pelo local estava o vereador Moisés Marques (PL), que se reunia com a diretora Marcia Regina Francisco, do setor em questão, quando o veículo chegou. Ao fiscalizar a carga, o parlamentar alegou que o motorista não portava nota fiscal e, ao questionar a diretora e os funcionários locais, ninguém soube ao certo explicar a origem daquela entrega. A Polícia Militar, então, foi acionada.

O vereador Moisés Marques (PL) acionou a Polícia Militar após chegada de caminhão sem nota fiscal de alimentos

O JC teve acesso ao boletim de ocorrência que diz que também chegaram ao departamento a secretária de Educação, Valéria Velis, e Braulio Cesar Augusto, secretário municipal de Compras – esse alegou em depoimento desconhecer a origem daqueles itens e negou que um procedimento de compra estaria concluído acerca destes alimentos. A secretária, porém, reconheceu existir um procedimento de compra em andamento para gêneros alimentícios escolares em geral, mas ainda não concluído, motivo pelo qual desconhecem a causa da entrega feita ontem.

Também em depoimento, o motorista do caminhão – que inclusive estava com um adesivo da Prefeitura de São Paulo, capital e da Cootrasp (Cooperativa de Transporte) – disse representar uma empresa terceirada chamada Milano e que seria de praxe realizar entregas com nota de romaneio e envio posterior de nota fiscal. Ele alegou que a entrega seria uma doação à Prefeitura de Rio Claro e que a nota fiscal ainda seria produzida. O advogado da empresa alegou que a mesma tomou conhecimento que a Prefeitura local está em negociação para compra de alimentos e que por iniciativa própria a empresa enviou “por mera liberalidade, pequena quantidade de alimentos caso a Prefeitura precisasse”, alegou.

Na semana passada, Valéria Velis afirmou em entrevista ao Grupo JC de Comunicação que ainda está em andamento o processo licitatório de entrega de alimentos estocáveis, gerando atrasos. A reportagem do Jornal Cidade questionou a Prefeitura de Rio Claro sobre a situação, mas a Secretaria Municipal de Comunicação não respondeu.

A Prefeitura de São Paulo, procurada pelo JC, informa que não possui qualquer relação com a alimentação fornecida em Rio Claro. “No ano passado, a cooperativa (Cootrasp) participou da distribuição de cestas básicas nas escolas municipais da capital e não presta serviços diretamente à pasta. A Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE) notificará a empresa responsável para adotar medidas quanto ao uso indevido da logomarca da Prefeitura de São Paulo”, finaliza.

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