LUCIANO TRINDADE – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Cinco deputados estaduais acompanhados de seus assessores invadiram as instalações do hospital de campanha no Anhembi na tarde desta quinta-feira (4), causando tumulto no local. Dizendo que fariam uma vistoria, eles criticaram o governador João Doria (PSDB) e afirmaram que o governo paulista mente sobre o número de casos e mortes no estado.

Nesta quinta, no entanto, o Brasil chegou à marca de 34.021 mortes e 614.941 casos confirmados; outras 4.159 mortes estão em investigação. Epicentro da pandemia no país, São Paulo chegou ao número de 8.561 óbitos e 129.200 casos confirmados.

O total real de casos e mortes, porém, tende a ser ainda maior, devido à subnotificação e a casos ainda à espera de análise.

Mesmo com esses números, os deputados Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), Coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante) forçaram a entrada nas instalações hospitalares do Anhembi, inclusive em áreas com alto risco de contaminação.

Em vídeos divulgados em suas redes sociais, Nakashima afirma que encontrou leitos vazios, alguns sem respiradores e criticou as medidas de isolamento social impostas no estado. Também em vídeo divulgado na internet, Adriana Borgo disse que “não tem doente porcaria nenhuma” no hospital de campanha.

Assim como os demais parlamentares, ela criticou as medidas de distanciamento social, recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como principal forma de conter a pandemia enquanto não há remédios ou vacina para a Covid-19.

Em postagem no Twitter, Nakashima afirmou que “após princípio de tumulto, pudemos conferir mais um exemplo de má gestão dos recursos públicos no hospital de campanha do Anhembi. O governo quer alugar leitos de hospitais privados e vemos esta estrutura inoperante.” Os vídeos divulgados pelos parlamentares mostram funcionários do hospital pedindo para os deputados e assessores usarem, pelo menos, equipamentos de proteção individual para entrarem nos locais com alto risco de contaminação. “Isso é frescura. A gente não tem medo disso”, reclamou Borgo.

Em nota, a Prefeitura afirmou que “os deputados e assessores invadiram o HMCamp do Anhembi de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPIs e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade.”

A gestão Bruno Covas (PSDB) diz, ainda, que os parlamentares filmaram as alas do hospital que ainda não foram ativadas, mas que estão prontas para serem colocadas em funcionamento caso necessário. “E também gravaram pacientes sem autorização prévia, muitos dos quais estavam sendo higienizados em seus leitos.”

Com capacidade para atender cerca de 1.800 pacientes, o hospital de campanha do Anhembi está, atualmente, com 397 pessoas internadas, segundo a prefeitura, que informa também que outros 3.700 pacientes já passaram pelo local, dos quais 2.800 foram curados e tiveram alta.

“A Prefeitura de São Paulo reitera total repúdio a atitudes violentas e ações deliberadas para tentar enganar a opinião pública”, finaliza a nota divulgada pela gestão municipal.

Doria

Em nota, o Governo do Estado de São Paulo se pronunciou sobre a situação: “O uso dos hospitais de campanha como palanque político é um desrespeito aos profissionais de saúde, pacientes e com a população. Demagogia pura de alguns parlamentares que não fazem nada para ajudar no enfrentamento da pandemia, apenas criam mentiras para enganar a população em benefício próprio”. Confira abaixo, vídeo com fala do Governador João Doria e do Prefeito de SP, Bruno Covas, sobre o caso:

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