O Conselho Municipal de Saúde deve encaminhar para a próxima Conferência Regional de Saúde demandas levantadas pela população de Rio Claro para a melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS). O debate ocorreu através da última Conferência Municipal, realizada há alguns dias pelo órgão em parceria com a Fundação Municipal de Saúde. De acordo com Américo Valdanha, presidente do Conselho, os problemas apontados pela comunidade requerem atenção.

“A orientação que recebemos do Conselho Nacional de Saúde é de que ouvíssemos a população sobre as necessidades locais e que levássemos para a gestão, para que dentro das possibilidades de ação dentro do Plano Municipal de Saúde, possam concentrar esforços para atender às demandas”, explica. Dentre as solicitações, os moradores de Rio Claro elencaram três que consideram urgentes. A primeira delas é a disponibilidade de especialistas.

“Um bom exemplo é reumatologista, que não existe em Rio Claro. A demanda é encaminhada ao AME [programa do Governo de São Paulo]. A demanda reprimida hoje tem uma fila de mais de 500 pessoas. Há um contexto que envolve salário, formação de profissionais, mercado particular. A gente precisa de especialistas [na rede municipal]”, afirma Valdanha. O segundo pedido da população é relativo à oferta do serviço de farmácias em unidades de saúde da família nos bairros.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde, nem todas estão em funcionamento. “Muitas unidades não estão com sua farmácia ativa. Na USF Boa Vista, vamos aguardar como vai ser, até então a farmácia não funcionava. Os pacientes tinham que se deslocar ao Wenzel para poder pegar medicamentos. Esbarramos também em problemas se não tem farmacêutico, não tem farmácias”, acrescenta lembrando que anteriormente havia o Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) para colaborar no serviço, que deixou de existir por falta de repasse federal.

O terceiro pior problema enfrentado pelos usuários da saúde municipal é a comunicação. “A Prefeitura se comunica mal com o munícipe. Uma linha de comunicação é preciso ser repensada e trabalhada. De que forma chegar nas pessoas e orientá-las”, citando como exemplo o serviço de agendamento por telefone, da Fundação de Saúde, que a população se queixou de falta de informações da sua existência. A entrevista completa, que ocorreu nessa terça-feira (14) no programa Farol JC, está disponível nas redes sociais do Jornal Cidade.

Américo Valdanha

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Américo Valdanha, criticou a posição de alguns vereadores da Câmara Municipal no que tange às discussões levantadas pelos parlamentares sobre a saúde pública de Rio Claro, bem como a politização de algumas questões. Em entrevista ao programa Farol JC, ressaltou o desserviço que legisladores fazem ao filmar e expor profissionais durante o serviço nas unidades de saúde do município. Para ele, falta diálogo.

“Vá na unidade conversar com quem está trabalhando, mas filmar, invadir o espaço, não é de hoje, existe comportamento histórico, o fato é que não é filmando médico que vai resolver a saúde”, criticou Valdanha.

“Ao ouvir a população, temos possibilidade de encaminhar relatório para a presidente da Fundação de Saúde e para os vereadores, para que os vereadores possam amadurecer o debate e direcioná-los numa maneira que a população precisa, e evitar a poluição, muitas vezes, de um debate que não leva a nada em relação à saúde”, declarou. Ainda, Valdanha se queixou da falta de interesse do Poder Legislativo em convidar o Conselho Municipal de Saúde para expor nas sessões e reuniões seus resultados.