DOUGLAS GAVRAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de desligamentos profissionais por morte no Brasil cresceu 71,6%, passando de 13,2 mil para 22,6 mil contratos, entre o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).


Embora os dados não permitam identificar a causa dos óbitos, o aumento indica a dimensão do impacto da pandemia do novo coronavírus no país no mercado de trabalho formal.


Na linha de frente da pandemia, as atividades ligadas à atenção de saúde viram um aumento ainda maior, de 75,9%, indo de 13,2 mil desligamentos para 22,6 mil, segundo a pesquisa, feita a partir de dados de trabalho formal do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.


Quando se olha para as ocupações, entre os médicos, os desligamentos profissionais por motivo de morte do empregado triplicaram no período. Entre os enfermeiros, duplicaram.


Em número de contratos encerrados por morte, a atividade de transporte rodoviário de cargas (exceto produtos perigosos e mudanças) foi a que registrou mais desligamentos. De janeiro de 2020 a março de 2021, foram 3.534, sobretudo de motoristas de caminhão, sendo que o mês de março corresponde a 14% deste total.


Além do trauma da perda de vidas, é preciso considerar o impacto na produtividade e na renda das famílias que o país tem tido por conta da pandemia. Esses são trabalhadores que acumularam um conhecimento que não é repassado do dia para a noite, avalia Rosângela Vieira, economista do Dieese. “No setor de saúde, por exemplo, a experiência também se dá por acúmulo de pesquisa e informação. É um prejuízo para a sociedade.”


Na comparação entre os estados, a crise da falta de oxigênio que causou pânico em Manaus no início do ano pesou para colocar o Amazonas no topo do crescimento percentual de desligamentos (437,7%), indo de 114 no início de 2020, para 613 no mesmo período deste ano.


Em seguida, aparecem Roraima (177,8%) e Rondônia (168,6%). No estado paulista, o encerramento de vínculos de trabalho por morte cresceu 76,4%, de 4,5 mil para 7,9 mil.


Quando consideradas todas as atividades econômicas, as que tiveram maior crescimento no número de desligamentos por morte são educação (106,7%), transporte, armazenagem e correio (95,2%), atividades administrativas e serviços complementares (78,7%) e saúde humana e serviços sociais (71,7%).

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