Favari Filho
Quem tem mais de trinta anos provavelmente guarda na lembrança a imagem de um tubo no alto que atravessava os dois lados da Rua 8 na altura das avenidas 2 e 4 e que ligava os prédios da antiga cervejaria que acumula extensa biografia. A Cervejaria Rio Claro foi fundada em 1899 e, em quase cem anos de história, adquiriu muito prestígio na Cidade Azul.
Major Carlos Pinho foi o responsável pelo surgimento da fábrica que esteve à frente até 1902, quando a arrendou para o alemão Julio Stern. Com pouco mais de cinco anos de existência, a cervejaria já empregava mais de trezentos funcionários. O processo de feitura do líquido preferido dos brasileiros passou por contínuo aperfeiçoamento, o que garantia uma produção cada vez mais aprimorada e higiênica.
O negócio registrou períodos de crescimento e dificuldade ao longo dos anos até que, em 1929, os efeitos da crise econômica mundial fizeram com que os sócios declarassem a falência da Cervejaria Rio Claro. No ano seguinte, o empresário italiano Nicolau Scarpa, adquiriu a empresa e iniciou um novo processo de modernização com máquinas capazes de produção em larga escala; felizmente, a cerveja voltava para as prateleiras do Brasil.
Skol-Caracu
Com a morte do Comendador Nicolau Scarpa, a cervejaria ficou para os seus filhos Francisco Scarpa e Nicolau Scarpa Júnior, que deram sequência aos projetos de ampliação física construindo o prédio da Rua 8 com Avenida 4, que abrigava a fábrica de gelo e a fermentaria. Na sequência, outro prédio com três andares foi erguido para comportar as máquinas e, logo depois, a cereja do bolo, o edifício de oito andares, considerado o mais alto de todas as indústrias paulistas da época, que ostentava no alto e nos quatro cantos a insígnia Skol Caracu.
Lançada na Europa em 1964, a cerveja Skol Pilsen chegou ao Brasil três anos mais tarde; trazida pela Cervejaria Rio Claro, que adquiriu a licença de produção e comercialização, a bebida logo caiu no gosto dos brasileiros e, durante as pouco mais de duas décadas seguintes, figurava como a mais vendida da cidade e do País. Porém, infelizmente, em 1992, a Skol-Caracu baixou as portas para sempre; seiscentos funcionários foram demitidos e os imponentes prédios ficaram durante anos fechados até abrigarem uma faculdade.
Créditos das fotos: Acervo do Arquivo Público e Histórico do Município de Rio Claro