A cidade de Rio Claro faz parte da história da fabricação de carros nacionais. Fundada em 1969 na cidade de São Paulo, a Gurgel S/A – Indústria e Comércio de Veículos transferiu suas instalações para Rio Claro no ano de 1975, às margens da Rodovia Washington Luís, atendendo a um esquema de interiorização industrial proposto pela ação governamental e visando à expansão da empresa.

Fundada pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, a marca produzia veículos movidos a álcool, gasolina e, finalmente, elétricos. Com 13 mil metros quadrados de área construída, fabricava, aproximadamente, 160 veículos por mês, contando com cerca de 300 funcionários diretos e mais de mil indiretos.

ELÉTRICOS

Com a mudança para a cidade de Rio Claro, veio também o projeto para a apresentação do protótipo do futuro carro elétrico, o Itaipu E150, e seu lançamento em 1980. E seguido, em 1981, pelo Itaipu E400. O modelo foi apresentado na versão furgão, mas na sequência veio a picape, em versões de cabine simples e dupla. O alto peso, por causa das baterias, e a baixa autonomia acabaram sepultando o projeto.

E400

O modelo elétrico era da linha Itaipu E-400, que tinha autonomia de 80 quilômetros e atingia 70 km/h. O veículo elétrico funcionava alimentado por oito baterias de 12 volts, que pesavam 400 kg e consumiam, em média, 0,350 kWh/km, ou seja, rodavam 2,856 km/kWh. Para o abastecimento, o veículo vinha acompanhado de um carregador portátil que podia ser ligado a uma tomada de 50 A, com fiação adequada. No entanto, o sonho da fábrica de automóveis 100% brasileira da história ruiu em 1996, com sua falência. Em 27 anos de funcionamento, a empresa fabricou 40 mil unidades. No caso dos elétricos – picape, furgão e passageiro, a Cesp foi uma das principais clientes.

Um dos pontos, inclusive, de recarga do veículo elétrico na cidade de Rio Claro ficava localizado na Rua 3, em frente à Prefeitura Municipal, onde ficou por muitos e muitos anos.

O engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel era considerado por muitos que trabalhavam ao seu lado um homem à frente do seu tempo. Personalidades que atuam até hoje na cidade de Rio Claro comentam que ele era visionário e que entendia muito do que falava e acreditava piamente no mercado do carro elétrico, tanto que foi visionário e na década de 80 lançou o que hoje faz sucesso no mundo e promete ganhar cada vez mais espaço.

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