JÚLIA BARBON – RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

As escolas de samba e os blocos de rua do Rio de Janeiro decidiram que não vai haver Carnaval em fevereiro de 2020. Quando será? Ainda não se sabe, mas só depois que a vacina contra o novo coronavírus estiver disponível e começar a ser aplicada na população.

A Liesa, liga que reúne as 12 agremiações do grupo especial da Marquês de Sapucaí, definiu o adiamento na noite desta quinta (24). Em julho, um outro encontro acabou sem definição. É a primeira vez que o evento é postergado desde o início dos desfiles oficiais, em 1932.

Já o Fórum Carioca de Blocos, formado pelos principais representantes de cortejos da cidade (Sebastiana, Zé Pereira, Sambare, João Nogueira, Cordão do Bola Preta, Coreto, Carnafolia e liga da Zona Portuária), havia tomado a decisão há cerca de um mês, e agora a reforçou.

Jorge Castanheira, presidente da Liesa, afirmou à imprensa ao final do encontro desta quinta que “a prioridade é respeitar a questão da segurança e a garantia do público e dos nossos desfilantes”.

“Em função de toda essa insegurança e instabilidade em relação à área da ciência, de não saber se lá em fevereiro vamos ter ou não a certeza da vacina, nós chegamos à conclusão de que esse processo tem que ser adiado. Nós não temos como fazer em fevereiro, as escolas já não vão ter tempo nem condições financeiras e de organização para viabilizar para fevereiro”, declarou.

Segundo ele, uma nova data vai depender do desenvolvimento da vacina e também do calendário festivo da cidade do Rio em 2021. Ele sugeriu a possibilidade de o Carnaval acontecer em julho, ou apenas em 2022.

“Tem também a possibilidade de acontecer em julho, mas aí tem Olimpíada na segunda quinzena de julho e agosto, depois tem Paraolimpíada e Copa América entre junho e julho. Vamos ter que avaliar isso conforme o calendário e ouvindo as autoridades sanitárias, que é o principal”, afirmou.

O grupo vai estudar também a forma como os desfiles vão acontecer. Se houver um tempo de preparação mais curto para as escolas, por exemplo, é possível que o regulamento seja alterado para permitir um espetáculo menor.

Já os blocos de rua seguem uma lógica diferente, lembra a representante do Fórum Carioca, Rita Fernandes: “Nós precisamos de um tempo menor, mas dependemos de a cidade estar preparada. Precisamos conversar com órgãos públicos para ver o prazo que precisam para se organizar”.

Vão depender ainda do resultado das eleições municipais deste ano. “Não sabemos quem vai estar ocupando essas cadeiras, então quem sair vai ter que deixar algo pré-planejado, e quando virar o ano vamos ter que sentar de novo para discutir”, diz.

Diante da definição do adiamento dos desfiles, a Riotur, empresa municipal responsável pelo Carnaval do Rio, divulgou nota dizendo que a decisão da Liesa “é soberana, reflete a coerência dentro do cenário em que vivemos” e está de acordo com as conversas que a prefeitura e a liga mantinham.

Afirmou ainda que vem conversando com as demais ligas (da segunda e terceira divisões) e que todas estão seguindo o mesmo caminho, uma vez que estão interligadas com a liga das escolas do grupo especial.

“Ainda estamos em meio à pandemia da Covid-19, sem uma vacina e com as recomendações de se evitar aglomerações. Ressaltamos que daremos continuidade às conversas com a Liesa para buscarmos, juntos, alternativas e soluções para o planejamento de um Carnaval seguro”, informa o comunicado.

Quanto aos blocos de rua, a Riotur disse que “segue avançando para um Carnaval cada vez mais integrado entre todos que atuam direta ou indiretamente na sua produção”. Nesta semana, representantes da empresa, de blocos de rua e de órgãos públicos como a Polícia Militar participaram de uma reunião virtual do Grupo de Trabalho.

O grupo, que inclui o Ministério Público estadual, foi criado por um protocolo de intenções em 2019 para discutir o Carnaval de rua carioca. “A reunião alinhou questões para o próximo Carnaval, independentemente de quando acontecerá”, comunicou a representante da prefeitura.

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