“Eu me emociono porque é um carinho que nunca tive em minha carreira, por isso eu falo que o Rio Claro fez mais por mim do que eu por ele. Até hoje tenho contato com pessoas da cidade, acredito que tenho esse respeito por tudo que fiz dentro e fora de campo. Eu vivia o Rio Claro o dia todo e os torcedores viam isso, é essa forma de como me entreguei para tentar retribuir tudo o que o clube fez por mim”.

O Rio Claro Futebol Clube celebra, nesta quinta-feira (9), 110 anos de existência e sem dúvida alguma na última década o atacante Alex Afonso foi o principal ídolo do Galo Azul. Mesmo disputando apenas três competições, o “matador” conquistou a torcida do Azulão demostrando garra e amor, o que faz com que Alex seja exaltado pelos torcedores do Rio Claro mesmo após ter encerrado sua carreira há cinco anos. O atacante relembra a sua chegada ao clube e momentos marcantes.

“Falar do Rio Claro é uma alegria, um lugar que marcou muito a minha vida desde quando cheguei em 2012 para a Copa Paulista através do convite do técnico Fahel Júnior. Eu vinha em um momento muito difícil da minha carreira, com lesões, e já pensava em parar, mas aceitei o convite e foi aí que mudou a reta final da minha carreira. Não fiz gol na competição, mas consegui recuperar minha forma física, ganhamos o clássico contra o Velo e cheguei muito bem para o Paulista da Série A-2, na qual fomos vice-campeões, fiz 11 gols e conseguimos o acesso, com um passe que dei para o Wendel marcar o gol que nos levou de volta à elite. No Paulistão fizemos a melhor campanha do Rio Claro na competição, com grandes jogos, e pude me aposentar com um bom desempenho”.

Emocionado, Alex comenta sobre o carinho e respeito que a torcida do Rio Claro demonstra e diz nunca ter tido isso em sua carreira.

Alex se recorda de uma das partidas mais marcantes pelo Rio Claro, em jogo realizado em Santa Cruz do Rio Pardo, o atacante jogou no sacrifício e foi recompensado pelo esforço.

“Todos os gols que marquei na Série A-2, foram importantes, valeram pontos, mas nesse jogo em especial eu vinha de fora havia três partidas por lesão, nas quais perdemos todas, e fui para o jogo com muitas dores e quase pedi para sair no intervalo. O técnico Paulo Roberto disse que precisava de mim e, logo aos três minutos do segundo tempo, o Jobinho rolou uma bola pra trás, eu acertei um lindo chute, marcando o gol que nos classificou e deu tranquilidade para a sequência da competição”.

Uma das conquistas do ídolo do Galo Azul foi o vice-campeonato Paulista da A-2 contra a Portuguesa de Desportos, Alex lamenta por não ter conseguido o título, principalmente pela boa atuação que o time teve nas finais.

Com Alex Afonso no ataque, o Galo Azul conseguiu o acesso para a Série A-1, mas acabou perdendo o título da A-2 para a Portuguesa de Desportos

“Queríamos muito aquele título porque sabíamos que iria marcar muito pra gente e pro torcedor. A gente fez um grande jogo e tive oportunidades de finalizar de cinco a seis vez, mas sofremos um gol no final e no jogo em São Paulo vencemos por apenas um gol e o título não veio. Mesmo assim, fizemos um festa muito grande até maior que a Portuguesa, porque sabíamos o quão difícil foi conquistar o acesso contra grandes equipes”.

Quando questionado sobre qual presente ele gostaria de dar ao Rio Claro Futebol Clube nesses 110 anos e sobre um provável retorno ao clube, Alex não teve dúvidas.

“O que eu gostaria com certeza é ver o Rio Claro novamente na primeira divisão do futebol paulista. Quando nós subimos, fizemos uma boa competição e conseguimos permanecer. Já bateu na trave algumas vezes e espero que isso possa acontecer em breve, para que o clube possa se estruturar. Espero um dia voltar a trabalhar no Rio Claro, estive este ano durante a Série A-2 e recebi um convite do presidente, mas no momento eu já tinha outro compromisso e não foi possível, mas com certeza espero voltar um dia com o coração aberto”.

Recado de Alex ao torcedor

“Só tenho que agradecer a toda torcida. Tenho uma placa na estante da minha casa de uma homenagem que recebi deles, e todos os dias eu me lembro do Rio Claro sempre. Foi realmente tudo muito especial o que vivi no Rio Claro. O carinho que o torcedor tem por mim eu nunca tive na vida. Continuem torcendo pelo Galo Azul, que o clube precisa de vocês”.

Confira depoimentos de outros personagens da história do Azulão:

Nando Carandina – ex-volante: “Quero desejar meus parabéns ao Rio Claro onde fui muito feliz e tive muitas conquistas que abriram a porta para eu me tornar profissional. Conquistei dois acessos e disputei a elite com muito orgulho pelo Galo Azul. Sou muito grato por tudo que o Rio Claro me proporcionou e que venham muitos anos de conquistas e que Deus possa abençoar para que retorne à elite e quem sabe um dia eu possa voltar a vestir a camisa do Azulão”.

Lucas Madalosso – ex-atleta e auxiliar técnico: “Mais uma data especial para o Galo Azul, são 110 anos de muita história, conquistas e tradição e quero deixar meus parabéns e expressar o meu orgulho de ter feito parte como atleta, auxiliar técnico e dirigente desse clube que marcou minha carreira de uma forma muito especial. Só tenho a agradecer ao Rio Claro, pois me abriu as portas, e desejar mais conquistas e glórias”.

Nando Carandina, Alex Afonso e Lucas Madalosso são personagens importantes da história do RCFC

História do Azulão

O Rio Claro Foot-Ball Club foi fundado em 09/05/1909 por três ferroviários, senhores Bento Estevam de Siqueira, Constantino Carrocine e João Lambach, empregados da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e pelo professor Joaquim Arnold, também atleta de futebol, campeão paulista da 1ª divisão em 1906 pelo SC Germânia, clube dos descendentes de alemães, hoje é o EC Pinheiros da Capital com atividades amadoras.

A primeira reunião dos fundadores do Rio Claro Foot-Ball Club foi em 09/05/1909 na Avenida 8, nº 2, no Centro da cidade.

Como a AA Ponte Preta de Campinas, Ferroviária de Araraquara, Nacional AC da Capital, EC Noroeste de Bauru e tantos outros, o Rio Claro FC é considerado um clube oriundo de ferrovias.

O nome adotado foi Rio Claro Foot-Ball Club em inglês porque foi Charles Muller, paulistano filho de ingleses, foi estudar na Inglaterra e trouxe o futebol para o Brasil em 1894.

Com o passar do tempo, o nome Rio Claro Foot-Ball Club foi aportuguesado para Rio Claro Futebol Clube, a exemplo de outros clubes brasileiros.

Tendo em vista ter dificuldades em arrumar adversários por ser um dos primeiros clubes do interior e do Brasil a ser fundado e por dificuldade de locomoção, sendo que o principal meio de transporte no início do século era o trem, o clube jogou pela primeira vez em 23/01/1910 contra o SC Caramuru da vizinha cidade de Cordeirópolis, por onde passava o tronco da linha férrea. Rio Claro FC 2×0.

No começo do ano de 1931, após esforço enorme da diretoria, o Rio Claro FC finalmente conclui a construção de seu moderno estádio em estilo inglês, que não mais existe, onde hoje fica o Espaço Livre-Centro. A prefeitura cedeu o terreno e o clube arcou com o arruamento e com todas as despesas da construção.

O Rio Claro FC seguiu sua trajetória vitoriosa nas décadas seguintes, inclusive enfrentando grandes clubes brasileiros, como sempre fez desde a sua fundação.

Em 28/01/1973 era inaugurado o Estádio Dr. Álvaro Perin, posteriormente por meio do decreto 2.263 de 12/05/1977, assinado pelo prefeito Nevoeiro Júnior, o estádio passa a se chamar Estádio Dr. Augusto Schmidt Filho.

O jogo inaugural foi contra o SC Corinthians Paulista, que ganhou por 2×1. Os gols foram marcados pela ordem por Tião Marino e Rivelino pelo Corinthians e Sérgio Moraes para o Rio Claro. Rio Claro FC: Tonho, Elói e Jurandir, Aroldo, Foguinho e Poióca, Cardosinho, Gustavo, Carlos Franck, Sérgio Moraes e Canhoto. Técnico: Norberto Lopes.

O futuro

O torcedor do Galo Azul vive a expectativa da definição do clube para a disputa da Copa Paulista no segundo semestre. Mesmo a Federação Paulista de Futebol dando como certa a presença do Rio Claro, de acordo com o presidente do Azulão, Luiz Balbo, a participação será definida após as eleições na próxima quinta-feira (16).

“O futuro do Rio Claro não depende apenas do presidente, há algum tempo o clube vem remando contra a maré devido à falta de apoio na cidade. A ideia é mudar totalmente o clube e transformá-lo em S/A (empresa), se eu não conseguir, não sei se continuo, porque trabalhar sozinho é complicado. Preciso de investidores e pessoas de fora que possam me ajudar no clube”, afirmou Luiz Balbo.

O presidente do Galo Azul diz estar confiante para a disputa das eleições por todo o trabalho que foi feito nos últimos anos.

“Não posso prever nenhum resultado, mas estou bem tranquilo, afinal fiz o trabalho que sempre quis, realizando o possível e o impossível”, apontou.

O Presidente Luiz Balbo tentará a reeleição para o cargo na próxima quinta (16), data em que o futuro do clube começará a ter uma definição maior

Sobre a disputa da Copa Paulista no segundo semestre, Balbo afirma que a participação só será definida após a definição das eleições.

“Depende do resultado da eleição, talvez eu não seja reeleito ou aconteça algo que me desagrade e eu não continue. Só teremos uma definição após quinta-feira (16)”, explicou o presidente.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.

Mais em Esportes:

Jucielen vence bicampeã nos EUA

Portões do estádio Benitão serão abertos às 13h30