No último dia 5 de março, celebramos o Dia Nacional da Música Clássica, a data foi escolhida por marcar o aniversário de Heitor Villa Lobos, um dos mais importantes compositores brasileiros e o mais famoso da América do Sul. O último registro oficial do número de orquestras brasileiras, responsáveis pela disseminação da música clássica no país, é datado de 2015, quando o anuário Viva Música registrou 46 orquestras em todo o território nacional, um número pequeno considerando que o país, segundo o IBGE, tem 5571 municípios.
Um fato curioso é que Rio Claro conta com duas orquestras, sendo a Orquestra Sinfônica, que completará 42 anos, e a Orquestra Filarmônica, que em 2025 completa 30 anos de trabalhos ininterruptos, além da centenária Banda Sinfônica “União dos Artistas Ferroviários”, que completará 130 anos no próximo ano.
“Manter uma orquestra em plena atividade por três décadas demanda esforços incríveis de todos os envolvidos. A adequação para locais de ensaio, conciliação de agendas dos músicos atuantes em vários grupos, elaboração de repertórios e programas que atendam a todos os gostos, arregimentação de valores e patrocínios para o custeio dos concertos, são apenas alguns aspectos que impõe foco e muito trabalho”, diz William Nagib Filho, Presidente da Orquestra Filarmônica de Rio Claro – OFRC.
Fábio Engle, spalla dos violinos e um dos fundadores da Filarmônica, destaca que um dos fatores essenciais para a permanência da orquestra na cidade é a participação efetiva dos músicos e uma gestão ativa e comprometida com a música. “Diria que foi possível caminharmos durante esses 30 anos por termos levado à risca o significado de uma orquestra filarmônica, que é a colaboração de todos os músicos em todos os setores da gestão da entidade. Além disso, contamos com um presidente incansável na luta pela orquestra, sempre em busca de recursos e de diálogo com toda a sociedade”, diz Engle.
Historicamente, a diferença entre orquestras sinfônicas e filarmônicas não está na técnica, mas na origem dos recursos, o que significaria que as sinfônicas são mantidas pelo Poder Público, enquanto as filarmônicas teriam seus recursos atrelados à iniciativa privada ou fundações. Porém, para William Nagib Filho, essa é uma teoria que já não corresponde à realidade atual. “Hoje, todas as formas de estruturação de orquestras dependem de dinheiros públicos diretos ou por meio de leis de incentivo, além de patrocínios privados obtidos por vários mecanismos fiscais de aportes, ou mesmo doações despretensiosas. É assim que ocorre com a Filarmônica de Rio Claro, que depende do fomento de patrocinadores, pessoas físicas e jurídicas, na sua totalidade por meio de leis de incentivo municipal, estadual e federal”, explica.
Contrariando o imaginário popular brasileiro de que a música clássica é um estilo defasado e distante da juventude, uma pesquisa realizada pela Deezer, plataforma de música e podcasts, aponta que 36% dos ouvintes de música clássica têm entre 18 e 25 anos e 35% entre 26 e 35 anos. “A Orquestra Filarmônica de Rio Claro vem se direcionando às expectativas do público, andando nos caminhos da música popular, da música erudita, trilhas sonoras, shows com artistas brasileiros consagrados, sempre em parceria com o clássico”, explica o Maestro da OFRC, Luciano Barbosa Filho.
Para 2025, a Orquestra Filarmônica já definiu a programação que promete ser inesquecível, mantendo a entidade como instrumento cultural fundamental para a sociedade. “A temporada começa em março com “Mulheres Que Cantam e Encantam”, ópera em Abril, um concerto em homenagem a Astor Piazzolla para o dia das mâes, concerto com Biquini Cavadão e Ira no aniversário da cidade, além dos concertos clássicos, óperas e adventos”, adianta o presidente.
ORQUESTRA SINFÔNICA
A Orquestra Sinfônica de Rio Claro (OSRC) foi oficialmente fundada em 17 de dezembro de 1983, contando desde o início com o apoio da comunidade e das autoridades locais. Desde essa época, o desenvolvimento técnico e musical da orquestra e de sua escola de música tem sido extraordinário, uma realidade que se mantém até hoje. A instituição tem atraído crianças, jovens e adultos, que se inscrevem ano após ano nas aulas e apresentações.
O sucesso do ensino proporcionado pela escola é evidente no número de alunos que avançaram para cursos superiores de música e que hoje integram escolas e orquestras em todo o Brasil e até no exterior. Estima-se que centenas de músicos formados pela OSRC se tornaram profissionais reconhecidos, incluindo cinco maestros.
Atualmente, a Escola Livre de Música “Fábio Marasca”, escola mantida pela OSRC, conta com cerca de 350 alunos inscritos e oferece cursos gratuitos de instrumentos de cordas friccionadas, percussão, violão, canto coral, teoria musical, prática de orquestra e musicalização infantil, utilizando instrumentos pertencentes à própria instituição. Todo esse trabalho é realizado por uma equipe composta por nove professores, sob a coordenação da escola e a orientação da Orquestra Sinfônica de Rio Claro.
A OSRC conta com diversos grupos artísticos, desde um trio até uma orquestra completa com cerca de 60 integrantes, a entidade também conta com uma Camerata de Alunos e Professores, que participa ativamente da temporada anual de Concertos da Orquestra. A entidade tem como diretor artístico e regente o maestro André Müzel.
Ao longo dos seus mais de 40 anos, foi possível observar que a missão da OSRC e da Escola Livre de Música “Fábio Marasca” se concretizou: difundir e fomentar a cultura em Rio Claro através do ensino gratuito de música. A função social da entidade é fundamental para a divulgação da música erudita e orquestral na sociedade rio-clarense, ampliando seu conhecimento cultural e justificando a continuidade das atividades da orquestra e da escola nos próximos anos.
SMUAF
A Banda Sinfônica “União dos Artistas Ferroviários” completará 130 anos de fundação no ano que vem e é o principal grupo mantido pela Sociedade Musical “União dos Artistas Ferroviários” (SMUAF). Atualmente com regência de Rodrigo Moratto e é composta por 30 músicos.
Foi em 1896 que um grupo de senhores decidiu se reunir para tocar informalmente, o que resultou na formação da banda. Posteriormente começou a fazer parte do Grêmio Recreativo dos Empregados da Cia. Paulista, agregando, portanto, o nome de Ferroviários. Na década de 70 deixa de pertencer à ferrovia, mas mantém o nome e mantém parceria com a Prefeitura.
A banda desempenha um papel significativo na cultura de Rio Claro, realizando apresentações que vão desde clássicos da música brasileira até temas de filmes e músicas das décadas de 1970, 80 e 90. A Banda Sinfônica “União dos Artistas Ferroviários” continua ativa, contribuindo para a preservação e promoção da música e da cultura ferroviária em Rio Claro. Mais informações na sede da Banda, que fica na Rua 1B, 301, Cidade Nova. Telefone: (19) 99745-2552.