2021 – ano de desafios, esperança e também histórico para o município de Araras que vai estrear numa Olimpíada. E não é qualquer estreia. A cidade terá uma representante feminina em Tóquio, no Japão: a ararense Luísa Baptista Bastos Duarte, de 27 anos.

A atleta vai representar o Brasil no triatlo, comprovando a máxima que está muito em alta ultimamente, mas que ainda encontra resistência em parcela da sociedade mais conservadora: a máxima que diz que lugar de mulher é onde ela quiser.

Na bagagem, há várias competições que coroam a trajetória de grandes conquistas da atleta e que valeram o índice olímpico, como por exemplo: o primeiro lugar no Ironman 70.3 no Rio de Janeiro; primeiro lugar no Pan-americano em Brasília; primeira colocada no individual nos Jogos Pan-Americanos em Lima; eleita a melhor atleta do triatlo pelo COB e recebeu o prêmio Brasil Olímpico, no Rio de Janeiro; além de bons resultados em Copas do Mundo.

Em Tóquio, Luísa irá participar da prova individual de triatlo, na distância olímpica, composta por 1.500 m de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida.

Caminho aberto a duras penas

Para que Luísa e outras milhares de atletas pudessem escrever seus nomes na história das Olimpíadas, e mesmo praticar vários esportes, foi um longo caminho, pois por muito tempo elas foram proibidas de competir. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidades), nos Jogos de Paris de 1900, havia apenas 22 mulheres de um total de 977 atletas. Já nas Olimpíadas de Londres, em 2012, foram os primeiros jogos em que elas competiram em todas as modalidades. Na Rio 2016, cerca de 4,7 mil mulheres – 45% de todos os atletas – representaram seus respectivos países.

A reportagem do Jornal Cidade conversou com Luísa. A jovem contou que mesmo após tantos avanços e com as mulheres quebrando recordes e conquistando inúmeras medalhas para seus países, inclusive algumas para o Brasil, ela também sofreu esse preconceito no começo da carreira – há relativamente pouco tempo.

“Me lembro, quando era mais nova, de alguns meninos ‘tirarem sarro’ por conta dos ombros mais largos que a natação deixa, mas hoje em dia acredito que não. O triatlo é um esporte que preza pela eqüidade entre homens e mulheres, as distâncias e premiações em dinheiro são as mesmas para os dois sexos. O segredo é não ter medo de realizar o que ama pelo que os outros pensam”, disse.

A ararense, que foi a primeira mulher a conquistar ouro no triatlo nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, na modalidade individual feminino, e também na categoria mista, afirmou estar bastante empolgada com as Olimpíadas, que acontecem de 24 de julho a 9 de agosto.

“É sempre uma honra representar sua cidade e seu país. Fico muito feliz por ter aberto essa porta em Araras e espero inspirar as novas gerações a acreditarem que também podem chegar nos Jogos. Hoje, o triatlo feminino brasileiro está muito bem representado a nível mundial e, fazer parte desse grupo me ajuda a crescer bastante”, comentou.

A atleta começou no triatlo com 16 anos, mas com seis meses de idade já ingressou na natação para bebê e com 8 anos, a nadar e competir pela AAA (Associação Atlética  Ararense). Praticou diversas outras modalidades (tênis, vôlei, handebol, futsal e capoeira).

“Uma de minhas metas já atingi, que foi me classificar para as Olimpíadas em Tóquio. A próxima meta é, entre 2020 e 2024, me desenvolver como atleta pensando em estar no Top 10 do ranking mundial para, em 2024, brigar por medalha”, completou ela.

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