O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

jaime Leitão

Nos últimos dias, duas tragédias terríveis nos trouxeram imagens aterradoras de realidades perversas.

No Haiti, o país mais pobre das Américas, um terremoto de magnitude 7,2 na escala Richter causou a morte de mais de 1000 pessoas. Esse número é impreciso. Pelas imagens de devastação, casas e prédios em escombros, tudo indica que o número de mortes é bem maior.

A precariedade de atendimento nos hospitais lotados ou mesmo nas ruas traz à tona uma situação trágica demais em um país que há muitos anos vive vitimado pela fome, conflitos entre gangues e milícias, e, em julho último, o assassinato do presidente.

Por mais que haja ajuda estrangeira, com alimentos e remédios, ela é insuficiente para contribuir na reconstrução do país e a população passe a ter uma vida minimamente digna.

As cenas que não param de aparecer nas imagens da TV, de um Haiti que depois do terremoto foi surpreendido por uma tempestade aterradora, se revezam com o avanço do grupo extremista Talebã, que depois de 20 anos retornou ao poder no Afeganistão. A retirada das tropas norte-americanas daquele país deu-se na hora errada e de forma intempestiva, abrindo espaço para que o Talebã assumisse o controle do país, após a fuga do presidente e dos americanos.

Milhares de afegãos desesperados abandonaram as suas casas e foram para o aeroporto da capital, Porto Príncipe, subindo nos aviões já lotados, sem se importar para qual destino seguir. Dois homens caíram do avião em pleno voo. Assustador. A aeronave foi projetada para transportar no máximo duzentos passageiros e estava com mais de 600. Os afegãos, em sua maioria, não querem voltar aos tempos em que esse grupo extremista cometia crimes e mais crimes em nome de uma leitura distorcida dos preceitos do islamismo.

O pavor das famílias afegãs é que suas filhas sejam sequestradas para se transformar em escravas sexuais de membros do Talebã, como ocorreu há mais de duas décadas.

Uma jovem já foi chicoteada nesse retorno do Talebã só pelo fato de estar na rua de sandália. As mulheres terão provavelmente que voltar a usar a burca, com o rosto e o corpo cobertos. Além de não poderem voltar a estudar ou usar a Internet.

O porta-voz dos Talebãs afirmou que respeitarão os direitos humanos, mas que continuarão seguindo os dogmas da xaria, que é uma espécie de documento, escrito há cerca de mil anos, e que estabelece normas de comportamento extremamente rigorosas, incompatíveis com os dias de hoje.

Mundo ruidoso esse. Injusto. Violento. Com poucas perspectivas principalmente para a imensa parcela da população que vive subjugada a regimes totalitários, vários deles usando a religião como pretexto para cometer as maiores atrocidades.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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