Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, a estimativa entre os idosos com 80 anos ou mais, é que 40% sofram quedas todos os anos

Estudo realizado com 153 idosos sugere mudanças em teste clínico de equilíbrio

O roteiro é comum. O idoso está aparentemente bem de saúde até que um dia sofre uma queda e, a partir daí, sua qualidade de vida começa a piorar. Isso acontece porque, mesmo quando não ocorrem consequências sérias, como ferimentos, fraturas ou traumatismo craniano, as quedas geralmente levam à diminuição da mobilidade e, por consequência, à perda de independência e autonomia.

A questão é tão preocupante – as quedas são a segunda causa de morte relacionada a ferimentos entre adultos com 65 anos ou mais – que a recomendação é que pessoas idosas realizem anualmente testes de equilíbrio e mobilidade como parte de suas consultas de rotina, independentemente do profissional de saúde responsável.

Um estudo, apoiado pela Fapesp e realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos, conseguiu apontar mudanças para tornar esse tipo de teste mais simples, efetivo e ainda demonstrou sua capacidade preditiva, ou seja, indicar o risco futuro de queda mesmo entre aqueles que apresentaram boas condições de equilíbrio e mobilidade. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista BMC Geriatrics.

“O modelo vigente do teste de equilíbrio é simples e requer apenas que a pessoa idosa permaneça em cada uma das quatro posições – pés paralelos [bipodal], com um dos pés ligeiramente à frente do outro [semi-tandem], com um pé na frente do outro [tandem] e equilibrado em um pé só [unipodal] – por 10 segundos para assim verificar problemas de equilíbrio e mobilidade. No entanto, nosso estudo demonstrou algo que já desconfiávamos: 10 segundos em cada posição é pouco”, afirma Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (Lare) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de são Paulo (FMRP-USP).

O estudo com os 153 voluntários mostrou que a avaliação pode ser muito mais efetiva quando o teste é resumido em observar se o indivíduo consegue permanecer em apenas duas das posições mais desafiadoras (preferencialmente tandem e unipodal) e por 30 segundos em cada uma delas.

“No trabalho descobrimos ainda que, para cada segundo a mais [dos 30 segundos] que a pessoa idosa conseguia ficar na posição de tandem ou unipodal, a chance de cair nos seis meses subsequentes diminuía 5%. Com isso é possível predizer qual o risco de queda para o período de seis meses, algo importante visto que o teste pode ser realizado na clínica, de forma rápida e sem a necessidade de equipamentos”, completou.