Wagner Gonçalves

A medida obrigava o condutor, antes de ir para as aulas práticas nas ruas, a utilizar o simulador de direção nas autoescolas
A medida obrigava o condutor, antes de ir para as aulas práticas nas ruas, a utilizar o simulador de direção nas autoescolas

Na semana passada, uma resolução definiu como facultativa a utilização dos simuladores de direção nas autoescolas que oferecem aulas teóricas. A medida levanta, novamente, a questão que gerou polêmica no ano passado, quando o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) recomendou como obrigatória a aquisição dos aparelhos a todos os Centros de Formação de Condutores (CFCs). Agora, para quem já adquiriu, o impasse é se o simulador será bom nos processos de formação.

A obrigatoriedade seria a partir do primeiro dia de janeiro deste ano, como uma forma de aumentar a segurança dos futuros motoristas antes de ir para as aulas práticas. As aulas seriam direcionadas para a primeira habilitação da categoria B, com duração média de 30 minutos por aula.

Algumas autoescolas de Rio Claro logo se adiantaram para adequação às novas regras, para evitar possíveis contratempos pelo não cumprimento da demanda, assim como a Autoescola Parati, que adquiriu o simulador de direção veicular, por comodato, ou seja, o valor seria pago a partir do início das aulas. “Os que se anteciparam em se adequar acabaram, de certa forma, se prejudicando”, destacou a diretora de ensino Luciana Andreoli Burger, e que a procura existe, mas como atualmente existe um valor à parte a ser pago, os condutores optam por não praticar no aparelho.

Divergências

Com a nova resolução, apesar de facultar a utilização dos simuladores, aos condutores da primeira habilitação serão acrescentadas cinco aulas, nas quais poderão ser feitas três aulas noturnas e duas no simulador, ou todas essas no período noturno. “As aulas podem ser úteis e têm caráter educativo para os que se sentem inseguros”, disse Luciana.

Mas a utilização divide opiniões quanto à eficiência das aulas para contribuir na prática, conforme comenta o proprietário da Autoescola Paraíso, Clayton Cesar Fávaro. “Como não há nenhum tipo de avaliação, assim como os exames que garantem que condutor está apto a mudar de etapa, o simulador acaba não contribuindo, pois existem muitas diferenças”, disse Fávaro.

Para ele, além das dificuldades no trajeto, que são diferentes daquelas encontradas nas ruas, o condutor é confrontado com as telas que podem causar desconfortos, tais como tontura. “Uma aula de meia hora chega a incomodar, principalmente os que têm algum problema de saúde, como labirintite”, ressaltou o proprietário.

Investimento

Como não é obrigatória, a aula no simulador pode não ter o retorno do investimento inicial. “As pessoas até procuram se informar, mas, como é um valor a mais, preferem não fazer”, disse Luciana. Atualmente, para os que desejam simular a direção são cobrados em média R$ 200. A diretora diz temer quanto à restituição da compra: “acabaremos pagando um valor que voltará muito lentamente”.

No entanto, com ou sem simulador, o valor para tirar a habilitação sofrerá reajustes devido ao aumento na carga horária, o que poderá se tornar uma saída para reverter possíveis prejuízos. A resolução deve entrar em vigor no mês de dezembro.

Conforme o PL 4.449/12, seria obrigatório praticar a simulação antes de ir às vias públicas. Uma das justificativas, descritas no projeto de lei, é que somente em 2012 foram mortas 40.610 em decorrência de acidentes de trânsito. Em contrapartida, o relator Marcos Rogério (PDT-RO) afirmou não existir comprovação de que o uso desses equipamentos possa reduzi-los. A proposta foi aprovada em caráter conclusivo e não precisa passar pelo plenário.

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