O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Comparar o atual governo a um trem saindo dos trilhos não é nenhum exagero. Já saiu faz tempo? Quem não viu?

Desde o seu início, há dois anos e meio e mais um pouco, Bolsonaro não assumiu o comando do governo como se espera de um estadista responsável.

O que ele fez foi criar confusão, conflitos, desavenças. Como governar um país tão complexo como o nosso, de tamanha desigualdade, com essa indisposição para o diálogo e para ações voltadas para recuperar a economia e trazer de volta os empregos que foram embora e que só voltarão a crescer em escala considerável quando houver garantia aos investidores que aqui há um mínimo de estabilidade para investir.

Como conter os arroubos descontrolados do presidente? Quem tenta essa proeza já é colocado de lado, demitido ou simplesmente desconsiderado. O diálogo não é o forte de Bolsonaro, muito pelo contrário.

Por mais que o presidente do Senado Rodrigo Pacheco tente apaziguar a relação entre o Executivo e o Judiciário, Bolsonaro se mostra renitente, não demonstra ter a mínima intenção de apagar os incêndios que ele mesmo criou e continua criando.

A sua intenção é permanecer no poder após a eleição de 2022, seja de que maneira for. Pela vitória nas urnas, torna-se a cada dia mais improvável. Então, por que não cooptar os militares que comungam de suas ideias, para dar um chega pra lá no Supremo e até no Legislativo, se transformando em um ditador, justificando que só tomou essa atitude porque estava sendo vítima de ataques injustos?
Vivemos um momento agudo, para não dizer terrível. A inflação parece sair de controle, os juros sobem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, continua  fazendo  de conta que tudo está melhorando, sem mostrar em números e fatos que isso de fato está acontecendo porque na verdade não está.

A CPI da Covid convoca pessoas que estão sendo investigadas por supostas irregularidades na compra de vacinas. E o que se vê praticamente em todas as sessões é a repetição da frase: “Excelência, me reservo ao direito de permanecer em silêncio”.

Estamos dentro de um pesadelo. Quem acha que está tudo bem, que o presidente está governando da melhor maneira, deve viver em um mundo à parte, na Terra Plana que não fica aqui, provavelmente em outra dimensão, em um mundo invisível para a maioria e só visível para alguns poucos que preferem ignorar a realidade.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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