Justiça Federal realiza esta semana interrogatórios sobre denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF)

Antonio Archangelo

O lucro do tráfico internacional de drogas advindo de quadrilha que tinha núcleo operacional em Rio Claro pode ter financiado o grupo terrorista Hezbollah. As investigações acontecem ao mesmo tempo em que uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) é analisada pela Justiça Federal de Piracicaba e pede a condenação dos membros do grupo que tinha dois rio-clarenses, diversos brasileiros e libaneses subordinados ao partido islâmico.

De acordo com o MPF, galpões localizados em Rio Claro eram utilizados para a esconder as drogas em carregamentos de pisos cerâmicos que eram transportados até o porto de Santos e despachados em contêineres. As investigações foram iniciadas em 2014 após pedido de cooperação da agência antidrogas do governo dos Estados Unidos.

Em ofício destinado à Coordenação-Geral da Polícia de Repressão a Entorpecentes do Departamento da Polícia Federal, o adido da embaixada americana Douglas Margini cita que a inteligência da Drug Enforcement Administration (DEA) indica que Mohamed A. J. recebia “cocaína de um traficante colombiano conhecido como “Crespo”. A mercadoria era transportada do Paraguai para a região de Rio Claro no Estado de São Paulo”. Em Rio Claro, a droga era refinada, embalada e transportada em meio a porcelanatos até o porto de Santos. Com o pedido de ajuda, a Polícia Federal passou a interceptar as conversas dos membros da quadrilha, resultando na apreensão de 1.180,300 quilos de cocaína na Estrada Velha Rio Claro – Ipeúna em 2014.

Justiça Federal realiza esta semana interrogatórios sobre denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF)
Justiça Federal realiza esta semana interrogatórios sobre denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF)

De acordo com o delegado da Polícia Federal de Piracicaba, Florisvaldo Emílio das Neves, “houve uma apreensão e boa parte da droga foi apreendida na região de Rio Claro, e quinze pessoas foram presas”, disse ao Jornal Cidade. “Há possíveis indícios de ligação com o Hezbollah”, citou.

A juíza da 1ª Vara da Justiça Federal, Daniela Paulovich, cita que o processo em andamento atualmente é referente ao tráfico internacional de drogas, cujos interrogatórios acontecem em Piracicaba até a sexta-feira, 4 de dezembro.

“Estamos analisando a maior apreensão de drogas do Brasil realizada em Rio Claro no ano passado. Existe uma investigação relacionada ao terrorismo. Só que aqui estamos vendo só a questão do tráfico internacional”, disse ao Jornal Cidade, que esteve no interrogatório realizado na quarta-feira (2).

Cabe lembrar que, em recente reportagem da revista Época, o bando em questão resvalou na Operação Lava-Jato, quando um dos líderes negociava com Leonardo Meirelles a compra da Labogen, o laboratório farmacêutico. Sócio da Labogen no papel, Meirelles era laranja do doleiro Alberto Youssef, que usou o laboratório para negócios sujos com o governo federal e como fachada para lavagem de dinheiro. Foram os negócios da Labogen que levaram a PF a prender o ex-deputado André Vargas, do PT paranaense. Também preso, Leonardo Meirelles fechou um acordo para colaborar.

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