Em junho, o provedor da entidade apresentou o Movimento Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no SUS

Favari Filho

Em junho, o provedor da entidade apresentou o Movimento Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no SUS
Em junho, o provedor da entidade apresentou o Movimento Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no SUS

O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro, José Carlos Cardoso, esteve no programa Jornal da Manhã da Rádio Excelsior Jovem Pan News com os jornalistas Carla Hummel e José Geraldo (Bidu), e discorreu sobre a atual situação da entidade que zela pela saúde dos rio-clarenses. O professor iniciou lembrando o Dia das Santas Casas de Misericórdia – celebrado no dia 15 de agosto –, que julga ser uma comemoração obrigatória, “porque ao menos um dia no ano há de se pensar na misericórdia, já que nos outros trezentos e sessenta e quatro ninguém pensa”, pontuou.

Cardoso expôs que no dia 4 de agosto aproximadamente quinhentas pessoas se reuniram na Praça dos Três Poderes e depois no Senado reivindicando melhorias para a Irmandade, porém, até o momento, o governo não esboçou nenhum sinal de mudanças no quesito investimentos na Saúde. “Alias, todo mundo agora fala apenas em crise, mas se olharmos para as Santas Casas vamos ver que estão em crise há muitos anos, porque Saúde, Educação e Segurança Pública não são prioridades neste País.”

Ainda que a Santa Casa da Cidade Azul seja a única sem problemas financeiros, ou melhor, sem débitos com pessoas, tampouco dívidas a saldar, Cardoso lembra que o fato é bom para a administração, porém também vira um problema sério “porque o governo, com tantos problemas que deixou acontecer com a Rede que atende ao SUS [Serviço Único de Saúde], acha que a entidade de Rio Claro não precisa de verbas do município, do estado e da federação. A situação está razoavelmente perigosa, embora perfeitamente equilibrada ainda no momento, mas não está fácil segurar a falta de intenção do governo em prestar assistência à Saúde”.

Com relação à explosão ocorrida há cerca de vinte dias em um caixa eletrônico nas dependências do hospital, o provedor tranquilizou, dizendo que o fato não causou dano algum à estrutura do prédio e aproveitou para comparar: “Foi a última explosão na Santa Casa, digo a última porque todo dia explode alguma coisa: explode a notícia de que não vai haver verba, que o governo municipal não vai repassar, que o estadual não está interessado, que no federal não mudou nada; então todos os dias a gente tem incêndios para apagar”.

No que diz respeito ao repasse da administração Du Altimari, Cardoso contou que, antes de procurar o promotor, esteve com o chefe do Executivo que disse que a situação não permitia liberar a verba para a entidade. “Este ano recebemos apenas R$ 200 mil no mês de junho. De janeiro até agora não recebemos absolutamente nada, ou seja, temos um passivo a receber e que faz muita falta no dia a dia, de quase R$ 2,5 milhões; como o governo do Estado também suspendeu o Pro-Sus [programa que, em tese, existe para fortalecer as entidades privadas filantrópicas e as sem fins lucrativos] e também não está pagando, contamos apenas com o repasse do Governo Federal de 42%.”

O provedor ainda fez um apelo à população: “É preciso entender como funciona a Santa Casa e ter cuidado com a expressão ‘não tem vaga na Santa Casa’. A Irmandade tem vaga para todos aqueles que o município, através de seus postos de emergência [PSMI e UPA], solicita a internação, enquanto não há o trâmite não tem como agilizar a internação, mesmo que seja de urgência”.

Por fim, o professor enfatizou que o hospital é filantrópico e que a preocupação é atender a população. “É por isso que estamos lá. Não há diretores remunerados, a Santa Casa paga o salário dos oitocentos funcionários porque tem uma sustentação chamada plano de saúde, a grande obra financeira do hospital. Por isso, temos que agradecer às empresas de Rio Claro, pois 80% do plano é constituído por empresas que prestam assistência aos funcionários. É isso que sustenta a entidade, não é governo municipal, estadual ou federal, são as empresas que colaboram com a população e fazem o papel social no lugar de quem deveria estar fazendo”, finalizou.

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