Carine Corrêa

A equipe atual do IML conta apenas com dois médicos legistas e um atendente de necrotério
A equipe atual do IML conta apenas com dois médicos legistas e um atendente de necrotério

A morte do filho Hiago Santana, de apenas 21 anos, mobilizou Kátia Santana a mover uma petição solicitando melhorias ao IML(Instituto Médico-Legal) de Rio Claro e aos serviços da funerária pública do município.

Segundo Kátia, o corpo do filho permaneceu sem refrigeração durante um período de doze horas. “Não havia médico legista de plantão”, disse à redação do JC.

A mãe do jovem também se queixa da falta de assistência do município. Ela afirma que, do local do acidente, uma funerária particular fez a remoção do corpo de Hiago e não havia nenhuma assistência social da prefeitura para prestar apoio à família, “Fui informada de que é feito um revezamento somente entre as funerárias particulares. Como o IML não tem um carro para fazer a retirada do corpo? E por que a funerária pública não está inclusa nesse revezamento?”, questionou. “Quem recolheu os objetos do meu filho que estavam espalhados na pista foram as pessoas que estavam nas proximidades”, acrescentou.

O atropelamento que vitimou Hiago ocorreu às 20h do dia 04/03, mas a liberação do corpo foi feita somente às 9h do dia seguinte, conforme informou uma funcionária da unidade.

Katia foi informada de que o médico legista estaria no IML a partir das 7h30, o que não ocorreu. O corpo de Hiago ficou durante doze horas em um saco preto disposto em uma das duas mesas disponíveis na unidade. “Minha irmã foi fazer o reconhecimento do corpo e saíram até moscas”, comentou Kátia.

A equipe atual do IML conta apenas com dois médicos legistas e um atendente de necrotério. Esta informação foi dada pelo médico legista responsável pela unidade, Dr. Olavo Narkevitz Júnior. Segundo ele, seria necessária uma equipe de pelo menos 5 médicos legistas para atender à demanda.

Sobre a demora na liberação do corpo, o responsável pelo IML afirmou que a liberação segue um procedimento burocrático, que inclui investigações no caso de morte violenta: “Quando existe morte violenta, o corpo está à disposição da Justiça para investigações”, justificou. Além disso, o jovem estava sem identificação, o que, somado a outros fatores, como o laudo pericial até a última etapa, que é a autorização do delegado, dificultam a liberação do corpo de maneira rápida. “Não temos interesse em segurar um corpo. A demora sempre está associada ao trâmite burocrático”, finaliza Narkevitz, que concedeu entrevista ao JC em outra oportunidade.

Sobre os serviços funerários, a prefeitura de Rio Claro informou que a Funerária Municipal funciona 24 horas por dia, de segunda a segunda-feira. Esclareceu também que a funerária municipal ofereceu seus serviços à mãe do falecido no IML, mas a mesma havia informado que já tinha convênio com uma funerária particular e que, por isto, não precisava dos serviços municipais. Segundo a prefeitura, a Funerária Municipal também está inclusa no rodízio semanal entre as funerárias no atendimento às famílias.

Já a Superintendência da Polícia Técnico-Científica esclareceu que irá apurar as denúncias e, caso seja constatada alguma irregularidade, as medidas cabíveis serão tomadas.

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