Estudos vão avaliar resíduo gerado por três estações de tratamento de esgoto do município de Rio Claro.

A BRK, concessionária responsável pelos serviços de esgoto em Rio Claro, e a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) por meio do Centro de Ciências Agrárias, localizado no município de Araras, firmaram nesta quarta-feira (08) um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento de um projeto acadêmico que engloba pesquisas científicas com objetivo de valorizar e buscar por um uso sustentável do lodo de esgoto.

A assinatura da parceria aconteceu na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jardim Novo e reuniu, além de representantes da BRK e da UFSCar, o superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (DAAE), Osmar da Silva Júnior, e profissionais dos veículos de comunicação do município.

A iniciativa, formalizada nesta Semana Mundial do Meio Ambiente, visa contribuir para o avanço tecnológico ambiental, proporcionando soluções para o reaproveitamento do principal resíduo gerado no processo de tratamento de esgoto. O projeto acadêmico será conduzido pela professora Dra. Dânia Elisa Cristofoletti Mazzeo Morales.

“Estamos propondo uma abordagem interdisciplinar e inovadora para compreender e transpor as barreiras que atualmente limitam o uso do lodo de esgoto em larga escala, desenvolvendo uma tecnologia eficiente e de baixo custo para detoxificar esse resíduo a partir da ação combinada de microorganismos biodegradadores e processos bioestimulantes, para que seja transformado em um fertilizante orgânico, com elevado potencial agronômico e baixo risco ambiental”, esclareceu.

A professora mencionou ainda que o projeto será desenvolvido em Rio Claro em razão do município ser uma referência em tratamento de esgoto. “A partir de amostras do lodo das ETEs da cidade iremos avaliar a viabilidade comercial e o potencial agronômico do produto em projetos de reflorestamento, na horticultura, no cultivo de grãos e no desenvolvimento de flores e plantas ornamentais”, complementou.

Os estudos terão como base amostras do lodo gerado nas três maiores estações de tratamento de esgoto de Rio Claro, localizadas respectivamente no Jardim Novo, Conduta e Jardim das Flores. As amostras desse material serão analisadas e pesquisadas por um período de 36 meses, podendo ter esse prazo prorrogado, se necessário.

Em média, Rio Claro trata 45 milhões de litros de esgoto por dia, em oito ETEs atualmente em operação na cidade. Esse trabalho resulta na geração de cerca de 900 toneladas de lodo por mês. Um resíduo que tem como único destino legal os aterros sanitários controlados.

O superintendente do DAAE, Osmar da Silva Júnior, destacou durante o ato de assinatura da parceria os resultados positivos aguardados a médio e longo prazo a partir desses estudos. “Com o recente Marco Legal do Saneamento e as possibilidades de expansão dos serviços de esgotamento sanitário em todo o país, sabemos que o volume de lodo a ser gerado tende a aumentar. Ao mesmo tempo que devemos ter menos impacto nos cursos d´água com a maior oferta de tratamento de esgoto, também teremos um maior volume de resíduos desse tratamento. E Rio Claro estar à frente de uma pesquisa que busca alternativas à esse cenário nacional nos traz, além de ganhos locais, a possibilidade de nos tornarmos referência com a aplicação dos nossos resultados às demais regiões do Brasil”, afirmou.

O diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar, Prof. Dr. Ricardo Toshio Fujihara, também destacou o potencial dos estudos em benefício da sociedade. “Nosso campus tem uma tradição muito forte com parcerias público privadas, com atividades de extensão e várias frentes de pesquisas em desenvolvimento. A universidade é um polo produtor de pesquisas e com essa parceria formalizada em Rio Claro temos a possibilidade de atuar nessa importante e atual demanda ambiental junto à comunidade”, disse.

Na apresentação da parceria, o gerente de operações da BRK, Alexandre Leite, demonstrou o lodo gerado no processo de tratamento de esgoto, exemplificando por meio de amostras, o material que é foco das pesquisas.

Ele também ressaltou a importância do trabalho acadêmico na busca por soluções sustentáveis junto à prática na rotina operacional. “Tratar o esgoto é apenas uma parte de todo o processo, essa é a prestação do nosso serviço. Hoje, porém, além do nosso trabalho, também temos a possibilidade de promover pesquisas e o desenvolvimento acadêmico, e de deixar um legado para gerações futuras e para o mercado de saneamento como um todo. E esse é o nosso conceito, de conseguir trabalhar para levar o saneamento para além do básico”, concluiu.

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