Jaime Leitão
Desde que os portugueses chegaram aqui, em 1500, os habitantes originais, os índios, foram tratados quase sempre de forma torpe e desumana.
No atual governo, os índios são vistos como seres indolentes que devem ser “civilizados” na marra e suas terras transformadas em pastos para gado ou em local de exploração de madeira e minério de forma desenfreada.
Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição de 21/07/2021, traz em destaque: “Funai executa só 1% da verba anticovid”.
Só para lembrar: Funai é a sigla que significa: Fundação Nacional do Índio. Do índio ou será dos que são a favor da extinção dos indígenas?
Com o represamento dos recursos para combater a Covid em terras indígenas, o número de índios contaminados e mortos vem aumentando de forma acelerada.
Destruir terras indígenas representa acabar com uma cultura milenar, com tradições e línguas que têm de ser preservadas, não arrasadas, como vem acontecendo.
O senador Omar Azis (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, perguntado sobre as péssimas condições dos indígenas brasileiros, afirmou: “Vamos investigar para saber qual a razão desse gasto menor. Temos que entender o que está acontecendo em todo o país”.
Não se trata de um gasto menor e sim de um gasto ridículo, vergonhoso. Se havia uma previsão orçamentária de R$ 40,6 milhões, como entender a liberação de só 406 mil reais, que corresponde a 1% do que estava previsto.
O que está acontecendo no País é um desmonte em escala estratosférica da cultura, da educação, com as universidades federais à beira da falência, e de outros setores fundamentais que são tratados como se não devessem existir.
Em várias aldeias vêm sendo disseminadas fake news. Segundo a reportagem, índios mais idosos estão se recusando a tomar a vacina com medo de ter um chip implantado no corpo ou de virar jacaré. Essa última notícia mentirosa foi disseminada pelo presidente, e o pior é que colou para muita gente, afastando índios e muitos não índios da vacinação.
A indígena Putira Sacuena, da etnia Baré, no Amazonas, lamentando a morte de seus parentes vítimas da Covid, disse: “Se foram bibliotecas e museus, juntos aos nossos parentes que faleceram, principalmente os mais velhos”.
A história oral desaparece com a morte de caciques e pajés, em consequência do tratamento cruel que sofrem. Isso é imperdoável, terrível.
O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.