Setembro é conhecido como o Setembro Verde, o mês da inclusão social das pessoas com deficiência, que teve o dia 21 como marco principal com o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. O objetivo da campanha é conscientizar a sociedade sobre a importância da acessibilidade, do respeito às diferenças e da criação de um ambiente mais igualitário para todas as pessoas.
Em Rio Claro um projeto tem se destacado pelo retorno às atividades neste ano: o “Acordes da Inclusão”. Composto por um maestro, uma musicista, seis deficientes visuais e um integrante com deficiência motora, o grupo musical tem se apresentado em escolas municipais, eventos da Prefeitura e espaços culturais conquistando o público e mostrando ressignificação.
“Em 2000 eu formei um grupo com deficientes visuais e fazíamos apresentações. Mas a verdade é que um projeto como este depende muito de apoio político, patrocínio, entre outras coisas. Infelizmente tivemos que paralisar. Este ano, com a criação da Secretaria Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Rio Claro e com apoio como transporte, que é essencial, retomamos os trabalhos e pretendemos expandir”, conta Claudionor Fonseca, 56 anos, que é o maestro do Acordes da Inclusão.
Para os ensaios e apresentações ele conta também o apoio da musicista e cantora Adriny Wille: “Formamos uma dupla que tem como objetivo inspirar os nossos talentosos integrantes do grupo a buscar a melhor versão todos os dias. Eles são dedicados, esforçados e redescobrem muitas vertentes através da música. Nossas apresentações sempre contam com canções alegres, com ritmos nordestinos e folclóricos. Nas escolas municipais geralmente apresentamos em torno de seis músicas para que as crianças depois possam ter a oportunidade de conversar com os integrantes. Existe essa interação, muita curiosidade e é um momento também dos nossos cantores falarem da importância do acolhimento e da inclusão com as futuras gerações. Já em outros eventos estendemos a apresentação para umas 10 músicas mais ou menos”, afirma o maestro.
Anderson Alberto Boim, 56 anos, é um dos deficientes visuais que integram o Acordes da Inclusão. Ao Jornal Cidade ele falou sobre a importância do projeto na vida: “Em dezembro agora vai completar 11 anos que eu perdi a visão. Tive uma doença chamada retinopatia diabética que levou a um descolamento das minhas retinas fazendo eu deixar de enxergar. O convite para participar do grupo veio através de um amigo que já integrava o Acordes. Não pensei duas vezes e aceitei, pois sempre gostei de cantar apesar de não conhecer as técnicas. Nas aulas aprendemos diariamente a arte da entonação, da respiração mas o mais importante é a interação. Desenvolvemos laços muito fortes diante da vivência de cada um e isso é um estímulo aos desafios do dia a dia”, diz.
Também conhecido pelo apelido de Buru, Anderson destaca que viver no escuro é buscar luz de outra forma: “Às vezes a gente acha que tudo acabou, parou. Isso chegou a acontecer comigo, é um processo de aceitação que precisa ser vivenciado e ingressar no grupo me fez sair mais de casa, ter contatos diferentes, ouvir, aprender e principalmente ensinar. Ensinar ao mundo que podemos ser úteis, ter interação e mostrar que a deficiência não é o fim de tudo mas apenas um obstáculo”, reforça.
Para quem quiser conhecer mais sobre o projeto, o Acordes da Inclusão está no Instagram através do @acord_esdainclusao. Na página é possível conferir vídeos de apresentações e ficar por dentro da agenda.