SÃO PAULO, SP, 21.11.2020: PROTESTO-RACISMO-SP – Artistas pintam inscrição ‘#Vidas Pretas Importam’ em frente ao Masp, na avenida Paulista (região central de SP), após a morte de um homem negro em Porto Alegre. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A avenida Paulista amanheceu neste sábado (21) com a frase “Vidas pretas importam” estampada em seu asfalto.

A pintura em frente ao Masp foi motivada pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado e morto na noite de quinta-feira (19) por dois seguranças de uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre.

A obra, que terminou por volta das 5h da manhã deste sábado e contou com apoio de funcionários da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), foi coordenada e realizada pelo Coletivo Arte 1, que reúne artistas de vários segmentos.

Até as 9h40 deste sábado (21), três faixas da via continuavam interditadas para a secagem da pintura, segundo informou a CET. Apenas a última faixa da direita no sentido Consolação foi liberada. A Prefeitura de São Paulo informou, via Secretaria Municipal de Cultura, que a frase foi escrita coletivamente por artistas e produtores atuantes na cidade, entre eles: Pagú, Mauro Veracidade, Dino, Kaur, Vera Santana, Fernanda Bueno, Opni, Imargem, Local Studio, Cooletivo, Marcos Visuarte, Os de sempre, Sustos, A vida no centro, Studio Curva e voluntários.

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Polícia Militar também colaboraram para a intervenção artística, com o bloqueio das vias e a segurança dos artistas.

Em várias capitais no país, protestos antirracistas marcaram o Dia da Consciência Negra (20), celebrado na última sexta-feira. Em São Paulo, lideranças negras realizaram a 17ª Marcha da Consciência Negra, que teve início em frente ao Masp e seguiu em direção a uma unidade do Carrefour, localizada na rua Pamplona.

O grupo desceu a rua gritando “Justiça”, “Carrefour assassino”, “Racistas, fascistas não passarão”. Alguns gritavam também “Fora Covas” e “Fora Doria”. Às 18h45, o carro com representantes de entidades negras e os manifestantes chegaram em frente à loja. Alguns manifestantes começaram a atirar pedras contra a loja, que fechou as portas.

Quando iniciou a depredação, o carro com os representantes das entidades negras ameaçaram deixar o local.

Em Porto Alegre, o protesto reuniu milhares de pessoas na noite da sexta-feira, em frente ao mercado.

O ato se iniciou às 18h e, por volta das 19h, se dispersou. Manifestantes abriram as grades do estacionamento do Carrefour e chegaram a colocar fogo em canteiros do estabelecimento.

Em Curitiba e no Rio de Janeiro, unidades da rede apareceram com pichações e tiveram as suas portas fechadas.

Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se pronunciou sobre o caso. O vice-presidente, Hamilton Mourão, lamentou o espancamento, mas disse não considerar que o episódio tenha sido provocado por racismo, e que “no Brasil não existe racismo.”

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