Marcelo Lapola

26/04/2014 - Café JC com o Maestro Jorge Geraldo.

Jornal Cidade – Fale um pouco sobre sua trajetória.

Jorge Geraldo – Regendo a banda fiquei oito anos. Estou há cerca de 20 anos lá. Meu pai aprendeu música lá. Comecei a estudar música por inspiração do meu pai. Esse ambiente da banda sempre fez parte da família. Foi numa época em que eu estava fazendo outra faculdade, iam trocar o regente e me convidaram. Aí fui estudar regência.

JC – Da Física para a música. A dedicação e o raciocínio de físico auxiliaram para aprender música em nível profundo.

Jorge Geraldo -Existem coisas em comum, como a acústica, a matemática dos compassos. Na prática não muito. Sempre gostei muito de Física e fui fazer, mas também sempre trabalhei com música. No meio da faculdade eu estava parando de tocar e resgatei.

JC – Por que está deixando a banda?

Jorge Geraldo -Apareceu um concurso na Universidade Federal de Campo Grande (MS) e eu passei. Vou assumir uma vaga no curso de licenciatura de música na universidade. Vou ser docente lá. Aconteceu de eu passar. Estou saindo para começar esse trabalho. Também vou trabalhar num projeto de extensão.

JC – A Banda dos Ferroviários tem uma importância histórica também.

Jorge Geraldo-A Banda e uma das mais antigas do Brasil em atividade. Neste ano vamos completar 118 anos sem interromper. Ela é uma entidade independente que se originou a partir da ferrovia. Depois se tornou uma Associação sem fins lucrativos. A prefeitura dá subvenção.

JC – Como é o contato com os mais idosos?

Jorge Geraldo -É uma convivência maravilhosa. Mantemos as tradições sem perder a adaptação aos novos tempos, com repertórios diferentes, mais modernos. Há, é claro resistências dos dois lados. Tem muita gente que passou pela banda, aprendeu e hoje é músico profissional. Nestes oito anos que estou lá tivemos vários casos. Acho isso muito legal, porque a prática do tocar é muito importante para o músico.

JC – Acredita que atraiu o público jovem?

Jorge Geraldo -Aqui no Brasil estamos ainda numa fase de achar os meios de divulgar. O principal problema aqui é o acesso. Nos Estados Unidos e Japão todos gostam demais, as bandas estão dentro das escolas. Acho que a banda tem uma versatilidade que a orquestra não tem, de entrar com mais facilidade no ambiente escolar.

JC – O que acha da obrigatoriedade do ensino de música nas escolas?

Jorge Geraldo -Há duas questões. Uma é a formação de quem fará isso e qual será o conteúdo. Hoje muitas escolas estão se virando a sua maneira. Fica mais difícil quando se quer fazer uma banda, um coral mesmo dentro da escola. O ideal seria ter um currículo. Ainda está se pensando mais na iniciação musical. Precisa ter a dedicação na prática além da fundamentação pedagógica.

JC – Como foi como maestro na Banda dos Ferroviários, qual sua avaliação?

Jorge Geraldo – Maior dificuldade é lidar com situações que acontecem. Você depende do trabalho de outras pessoas para o seu trabalho aparecer bem. Situações musicais, pessoais. É a parte que exige mais tato para se lidar. Tem que liderar e fazer com que todos estejam sempre motivados a fazer o seu melhor. Há outras muitas coisas de produção também que é preciso cuidar, na parte estrutural e de organização. Nas horas vagas a gente rege (risos). Como a banda não uma instituição profissional, ;e sem fins lucrativos, e como você é a única pessoa que está lá para fazer isso, acaba que e você quem tem que ajudar.

JC – Uma mensagem final?

Jorge Geraldo – Para mim a banda foi um tempo de decidir realmente o que eu queria fazer como profissional. Muitas pessoas colaboraram para isso. Sempre todos pensando no melhor da banda. Grande parte da experiência que eu tenho, é graças a essas pessoas. So tenho a agradecer a todos por tudo. devo muito a essa instituição. Por isso não quero perder esse vínculo nunca, jamais. Fiquei bastante tempo. A troca é bastante saudável. Espero que o novo regente mantenha as coisas boas e melhore ainda mais.

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