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Paulo Saldaña – Folhapress

O governo Jair Bolsonaro (PL) já tem datas para a realização do Enem 2022. O MEC (Ministério da Educação) trabalha para aplicar o exame nos dias 6 e 13 de novembro, segundo informações obtidas pela Folha.

O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior. É usado como vestibular para a maioria das universidades federais, para parte das vagas de estaduais como a USP (Universidade de São Paulo) e também critério para acesso a programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).

As provas devem ocorrer após as eleições, como é comum em anos eleitorais. O exame direcionado para privados de liberdade está marcado para 13 e 14 de dezembro. Nesta aplicação também fazem candidatos que tiveram algum problema nas provas iniciais.

As datas ainda não foram oficializadas pelo governo. Integrantes do Inep confirmaram à Folha que não deve haver mudanças nesse planejamento.

Questionado, o Inep não respondeu. O órgão, ligado ao MEC, é responsável pelo exame.

Ainda não há data para a publicação do edital da próxima edição. O documento define as diretrizes da aplicação, como calendário de inscrições.

Sob o governo de Bolsonaro, o Enem tem sido alvo de pressões para interferência em seu conteúdo. O objetivo seria alinhar a prova à diretriz ideológica de Bolsonaro, que tem críticas acumuladas a questões supostamente de esquerda ou inadequadas.

Reportagem da Folha mostrou, entretanto, que questões que foram alvo de Bolsonaro e conservadores foram eficientes para avaliar conhecimento dos participantes.

O embate ideológico é a principal marca do governo na educação e há disposição para barrar temas no Enem que desagradam o presidente e apoiadores, como questões de gênero e da ditadura militar (1964-1985) –o período, elogiado por Bolsonaro, não mais foi abordado desde 2019.

O jornal Folha de S.Paulo revelou que Bolsonaro chegou a pedir para o ministro da Educação, Milton Ribeiro, questões que tratassem o golpe de 1964 por revolução, em consonância com o revisionismo histórico que ele e apoiadores defendem.

Em junho do ano passado, a Folha mostrou que uma portaria do Inep estabelecia uma espécie de “tribunal ideológico”, com a criação de uma nova instância permanente de análise dos itens das avaliações da educação básica.

A ideia foi abortada depois da má repercussão.

Às vésperas do Enem de 2021, o Inep passou por uma crise histórica, com a debandada de servidores de postos-chave, denúncias de interferência no conteúdo do exame e de assédio moral.

O Inep trocou um de seus diretores nesta quarta-feira (19) como retaliação à situação, segundo relatos. Mais exonerações são esperadas.

O órgão tem efetivado a exoneração de cargos dos demissionários do ano passado. Nesta quinta (20), três desses servidores foram desligados oficialmente de funções gratificadas, mas ainda não houve reposições até agora.

O Enem 2021 foi marcado por baixo número de inscritos e participantes. A edição foi ainda a mais excludente da história, com a menor proporção de inscritos pretos, pardos, indígenas e pobres.

Parte desse cenário é atribuído por congressistas e especialistas ao próprio MEC. Ministro da Educação, Ribeiro negou-se a estender no ano passado gratuidade a faltosos do exame no ano anterior, realizado em meio ao avanço da Covid-19.

Na aplicação regular, fizeram de fato o exame 2.179.559 pessoas. Na prova impressa, a abstenção foi de 29,5%. Já na aplicação digital, que teve 69 mil inscrições confirmadas, a taxa de faltosos foi de 50,1%.

Os resultados dos participantes estarão disponíveis em 11 fevereiro, segundo o Inep.

As inscrições para o Sisu (Sistema de Seleção Unifica) começam no dia 15 de fevereiro e vão até 18 do mesmo mês. Já o prazo de inscrição para o Prouni será de 22 a 25 de fevereiro. No início de março, do dia 8 ao dia 11, será a vez do processo de inscrição no Fies.

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