Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anuncia as medidas econômicas e fiscais do governo interino

Antonio Archangelo

Afinal, as medidas anunciadas pelo presidente em exercício Michel Temer terão aplicabilidade? Com esta questão em pauta, o Jornal Cidade conversou com o professor de Economia, Christian Ganzert, que foi professor visitante da Universidade de Illinois dos EUA. Para ele, “a limitação da ampliação dos gastos do governo até o limite da inflação é algo que, se não traz o alívio ideal às contas públicas, pelo menos, em tese, impediria o aumento da dívida real”.

“É necessário ressaltar, entretanto, que a maior parte dos gastos custeia a amortização e o serviço da dívida pública, o que significa dizer que, na prática, o impacto real da medida incorre na necessidade de redesenho do modelo de prestação e controle dos serviços públicos, uma vez que os compromissos com a dívida já são dados”, pondera Ganzert.

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anuncia as medidas econômicas e fiscais do governo interino
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anuncia as medidas econômicas e fiscais do governo interino

Em relação à recuperação dos recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), “é necessário entender que isso implicará na redução de meios para financiamento de projetos que expandiriam a base produtiva e estimulariam a economia, o que em tempos de retração do PIB pode ser algo traumático”, prevê.

“Equilibrar contas públicas em tempos de recessão é um jogo de equilibrar pratos, onde são prioritários aqueles relacionados ao ‘custo fixo’ do Estado, e não aqueles relacionados a investimentos. Já a extinção do fundo soberano era uma questão de tempo, uma vez que o viés político estava claramente descrito na opção de liberação da exploração do pré-sal por empresas estrangeiras. Dentre todas as medidas, essa talvez seja a mais precipitada, pois a questão acerca do melhor direcionamento da estratégia de abertura da Petrobras, bem como todo o redimensionamento do setor energético, ainda não foi discutida à exaustão nem analisada frente ao seu desempenho futuro ou desdobramento sobre as dimensões sociais associadas ao tema”, conclui Christian Ganzert em entrevista ao Grupo JC.

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