Antonio Archangelo

Desde 2013, Mestrinel já havia sinalizado a vontade de sair da pasta
Desde 2013, Mestrinel já havia sinalizado a vontade de sair da pasta

O prefeito Du Altimari (PMDB) confirmou, através de portaria, a exoneração do secretário de Saúde, Marco Aurélio Mestrinel. A decisão publicada no Diário Oficial do Município do último dia 7 diz que o desligamento foi “a pedido”.

Assume o lugar de Mestrinel, Geraldo de Oliveira Barbosa, que até então ocupava a Diretoria Geral de Assistência à Saúde da Fundação de Saúde, mas já vinha respondendo pelo cargo de secretário.

Desde 2013, Mestrinel já havia sinalizado a vontade de sair da pasta, por várias vezes reclamou da falta de recursos para a dissolução de impasses administrativos da pasta durante audiências públicas na Câmara Municipal.

Pessoas próximas ao médico afirmam que a decisão teria sido motivada por “questões pessoais”, como “doença na família”. A Fundação de Saúde não confirmou a informação até o fechamento desta edição.

Em setembro do ano passado, pouco antes de sinalizar ao prefeito sua vontade de deixar o cargo, Mestrinel teve sua gestão marcada por denúncias relacionadas ao pagamento de supersalários da Urgência e Emergência, fato que ainda passa pelo crivo do Ministério Público.

Na oportunidade, o prefeito Altimari dizia que estudava a continuidade do médico à frente da pasta.
“Isso não é um problema só do município, é nacional essa falta crônica de médicos. Em Rio Claro é ainda mais crônico, porque os médicos concursados mais novos, que ganham mil, mil e quinhentos reais, não querem fazer muitos dos plantões. Ocorre então que quem faz esses plantões são os médicos já em final de carreira. Para estes, por conta dos benefícios incorporados aos salários, gratificações e outras coisas, ganham até cinco mil reais por plantão”, disse o prefeito durante entrevista ao Jornal Cidade.

Mestrinel chegou à função no dia 20 de abril de 2010 como uma solução caseira para afastar as polêmicas criadas por denúncias de interferência política reveladas pela antecessora, Ivete Cipolla. Naquele ano, 2010, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada pelo legislativo, mas arquivada pela falta de provas.

No dia 17 de novembro, a investigação da Câmara Municipal sobre as supostas irregularidades na Fundação foi encerrada da mesma maneira como iniciou: vazia.

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Sérgio Carnevale (DEM), pretendia que cópia do relatório fosse encaminhada para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), mas, através de consenso, vereadores optaram pelo arquivamento.

Com isso, a Câmara Municipal encerrou os trabalhos sem conseguir atingir o principal objetivo, que era esclarecer os pontos obscuros expostos pela ex-secretária Ivete Cipolla através da imprensa. Entre eles, irregularidades na escala de horas extras e o favorecimento no atendimento médico, que ficou conhecido na cidade como esquema Fura-Fila.

Do relatório consta que no dia 8 de junho de 2010 a CPI foi instalada. O documento destacava que Ivete Cipolla foi nomeada pelo prefeito Du Altimari (PMDB) para ocupar o cargo de secretária municipal de Saúde no dia 1º de janeiro de 2009 e exonerada no dia 20 de abril desse ano. Ivete Cipolla alegava não ter comparecido à CPI da Saúde por conta das presenças de Sérgio Desiderá (PT) e Maria do Carmo (PMDB). Em uma das suas falas ao JC, ela deixou claro: “Não vou ser interrogada por quem considero ser réu”. Cipolla, nos bastidores, sempre apontava que Mestrinel seria um dos beneficiados das irregularidades na Saúde rio-clarense.

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