O que seria uma forma de auxiliar fumantes a pararem com o vício, o cigarro eletrônico acabou arrebanhando uma parcela da população à sua adicção, atraída pelo uso de essências que dão ‘sabor’ à inalação.
O cigarro eletrônico é, basicamente, composto de uma bateria com um cartucho e um vaporizador (atomizador). A bateria é ligada a um sensor que detecta a sucção que ativa o atomizador e acende uma luz de Led na ponta do dispositivo. Inicia-se, então, a vaporização do líquido contido no cartucho (e-líquido ou e-suco).
O principal componente do e-líquido é o propilenoglicol, seguido de glicerina, óleo da vitamina E, água e flavorizantes (que dão aroma e sabor). Pode ser utilizado com ou sem nicotina (estimulante e tranquilizante) e, também, conter até 50% de THC (componente da maconha). Produz fumaça, porém não produz monóxido de carbono e não tem alcatrão como o cigarro.
De acordo com a pneumologista Drª Soraia Cristiane Cassab Acosta, no início do segundo semestre deste ano, jovens usuários do cigarro eletrônico começaram a aparecer com quadro de falta de ar, dor no peito e tosse seca, com febre e calafrios em alguns casos, nos EUA. “A biópsia pulmonar destes pacientes mostrou ‘queimadura química’ semelhante à lesão que ocorre em indústrias através de ‘inalação acidental’ de gases tóxicos e semelhante ao dano causado pelo gás mostarda (usado em guerras químicas e banido desde a Segunda Guerra Mundial)”, comenta a pneumologista.
No dia 4 de dezembro, resultados das biópsias apontaram que o óleo da vitamina E está causando essa síndrome. Agora, começaram a surgir casos no Brasil, onde o cigarro eletrônico está proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) há 10 anos.
“O alerta veio da Sociedade Brasileira de Pneumologia. São três casos notificados até o momento no País, mas devem ser mais. A informação é importante não só para os pneumologistas, mas também para clínicos, que têm o contato inicial com o paciente. Por isso, é importante estarem atentos a esse risco”, destaca Soraia.