A médica infecto-pediatra Denise Leonhardt Queiroz Prado é a entrevistada deste domingo (2) do Café JC

Ednéia Silva

Na última terça-feira (28) foi comemorado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O assunto é tema da entrevista do Café JC com a médica infecto-pediatra Denise Leonhardt Queiroz Prado, que fala sobre prevenção e tratamento das hepatites, e o atendimento oferecido pelo Sepa (Serviço Especializado em Prevenção e Assistência para DST/AIDS/Hepatites Virais).

A médica infecto-pediatra Denise Leonhardt Queiroz Prado é a entrevistada deste domingo (2) do Café JC
A médica infecto-pediatra Denise Leonhardt Queiroz Prado é a entrevistada deste domingo (2) do Café JC

Jornal Cidade – Existem muitos portadores de hepatite em Rio Claro?

Denise Prado – No Brasil é estimado que mais de dois milhões de pessoas tenham hepatite e 60% desse total desconhece sua situação sorológica, aumentando o risco de agravamento e transmissão da doença. Em Rio Claro, o Sepa tem cadastrados em tratamento 669 pacientes com hepatite C e 219 com hepatite B.

JC – Existe cura para hepatite?

Denise – A informação é fundamental para prevenir e tratar as hepatites virais. A hepatite A atinge mais as crianças e a cura ocorre espontaneamente. As hepatites B e C são crônicas e, quando não tratadas adequadamente, podem evoluir para doenças mais graves. Cerca de 57% das hepatites não tratadas evoluem para cirrose e 78% para câncer hepático. Por isso, a importância do diagnóstico precoce para evitar complicações.

JC – Como ocorre a transmissão?

Denise – A transmissão da hepatite A acontece por vias fetal e oral, e as hepatites B e C são transmitidas através do sangue, do compartilhamento de agulhas, equipamentos de manicure e tatuagem, relação sexual, ou seja, qualquer objeto que tenha contato com o sangue do paciente.

JC – Quem deve fazer o teste para diagnosticar a doença?

Denise – Os sintomas da hepatite B e C são tardios e não dão sinais na fase inicial da doença. Por isso é importante que as pessoas façam os testes para verificar se são ou não portadoras, principalmente quem tem mais de 40 anos. Antes de 1990 não era feita triagem para hepatite nos bancos de sangue. Farmácias e outros locais compartilhavam agulhas e usavam seringas de vidro. Quem fez doação de sangue, tomou vacina ou injeção, exercia atividade de risco, era profissional do sexo, pode ter sido exposto às doenças e ser portador sem saber.

JC – Onde as pessoas podem fazer o teste?

Denise – Os testes rápidos de hepatites, Aids e sífilis estão disponíveis em todas as unidades de saúde do município. Não é preciso encaminhamento médico para fazer o teste. Basta agendar atendimento na unidade. O resultado fica pronto em meia hora.

JC – A hepatite é hereditária?

Denise – A doença não é hereditária e não se transmite pelo convívio social, mas pode ser transmitida da mãe para o bebê na hora do parto. Por isso a importância de fazer o pré-natal. O Sepa faz a profilaxia e o acompanhamento dessas crianças para verificar seu desenvolvimento. O acompanhamento também é feito por meio do programa Bebê de Risco, desenvolvido pelo Centro de Habilitação Infantil Princesa Victoria.

JC – Como é feito o tratamento de hepatite?

Denise – A hepatite A se cura espontaneamente. Para a hepatite B existe vacina gratuita disponível para as crianças e adultos até os 49 anos de idade. A vacina pode ser tomada nos postos de saúde. Quem é mais velho e apresenta situação de risco pode também tomar a vacina. Para a hepatite C não existe vacina. Nesse caso, o único remédio é a prevenção, fazendo sexo seguro, não compartilhando agulhas, equipamentos de manicure, escova de dentes, barbeador etc.

JC – Houve algum tipo de avanço nas terapias existentes?

Denise – A grande novidade é que, a partir de setembro, o governo irá liberar pelo SUS um novo tratamento para hepatite C com menos efeitos colaterais e maior eficiência. A medicação é via oral sem necessidade de internação. A taxa de cura, que hoje gira em torno de 60% e 70%, será superior a 90%. O tempo de tratamento também é menor, cai de 48 semanas para 12 semanas. O tratamento será feito com três medicamentos: Daclatasvir, Sofosbuvir e Simeprevir. A terapia é inovadora e o Brasil será um dos primeiros países a adotá-la.

RÁDIO EXCELSIOR JOVEM PAN NEWS

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