Carine Corrêa

Em recente entrevista concedida à Folha de S.Paulo, o sociólogo José de Souza Martins, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), informou que, no país, há uma ocorrência de linchamento por dia.

Nesta semana, uma moradora publicou nas redes sociais a foto do filho, que teria sido linchado depois de ter se envolvido em um acidente. No relato que foi postado em um grupo público, ela expõe a foto do rapaz e diz que o jovem sofreu um mal súbito enquanto estava na moto e, por esse motivo, acabou provocando o acidente.

Um caso que repercutiu nacionalmente foi o linchamento de uma mulher no Guarujá, em maio do ano passado. Ela foi espancada até a morte. A brutalidade foi motivada depois de suspeita de que a mulher teria ligação com o sequestro de crianças para rituais de magia negra.

A reportagem do JC ouviu alguns especialistas sobre esse assunto. Confira as posições a seguir.

Adriano Marchi, advogado:

“A justiça ‘privada’ ou aquela praticada pelas ‘próprias mãos’ voltou à tona e ganhou força, em especial no Brasil, como consequência da banalização da vida, da desestruturação social e da ‘falência’ estatal. O Estado, ‘moroso’, perdeu a autoridade e a sociedade o respeito, diante da ‘impunidade’, ou da sensação de impunidade. A solução vem do fortalecimento da base, que está muito degrada, ou seja, no imensurável investimento na educação e na família.”

Camila Vedovello, socióloga:

“Recorre-se a esse tipo de ‘justiçamento’ a partir de uma descrença no sistema de justiça, e também a partir de uma punição que pressupõe que justiça somente é realizada a partir do esfacelamento do outro.”

Airton Moreira Junior, sociólogo:

“O senso de que não existe justiça no Brasil acredito ser o principal fator que leva ao linchamento. Importante atentar para o público mais linchado: o homem negro. Muitas pessoas que participam de um linchamento são levadas por aquilo que chamamos ‘calor do momento.”

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