Com arquitetura típica da década de 40, o casarão foi sede da Rede Rio-clarense de Combate ao Câncer “Carmem Prudente”

Antonio Archangelo

Com arquitetura típica da década de 40, o casarão foi sede da Rede Rio-clarense de Combate ao Câncer “Carmem Prudente”
Com arquitetura típica da década de 40, o casarão foi sede da Rede Rio-clarense de Combate ao Câncer “Carmem Prudente”

Rio Claro perdeu mais um casarão histórico localizado na região central. Imóvel particular localizado na Rua 4, entre as avenidas 5 e 7, está sendo demolido para dar lugar, de acordo com rumores, a uma agência bancária.

De acordo com o arqueólogo Anselmo Sellingardi Junior, o prédio foi construído em 1942 por seu avô Arlindo Ungaretti e habitado em 1945. O imóvel abrigou o Instituto de Radiologia nos anos 90, além do bar Verona e mais recentemente a Rede Rio-Clarense de Combate ao Câncer, que agora está em sede própria.

Para Maria Helena Lerco Pires de Oliveira, a demolição do casarão é “uma tristeza”. Maria Helena, viúva do médico e líder peemedebista José Marcos Pires de Oliveira, residiu no casarão entre 1978 e 1984. Ela se recorda de que o imóvel também foi moradia da família Alvarenga. “Poderia ter alguém que preservasse. No fim, ninguém se interessa”, citou à reportagem do Jornal Cidade.

A família Pires de Oliveira adquiriu o imóvel em 1971, vendendo a propriedade em 2005 para a família Paraluppi. “Até chorei quando vi a casa sendo demolida. Pensei que iriam reformar. Passei minha infância e adolescência lá”, se recorda Marcela, filha de Maria Helena e José Marcos. Como bem particular e não tombado, não existia nenhuma restrição legal para a demolição do imóvel.

PATRIMÔNIO

A demolição de mais um casarão histórico rio-clarense reacende a discussão da necessidade do poder público amparar as famílias e imóveis para garantir a preservação dos prédios.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Rio Claro, a cidade ainda não possui um Conselho para discutir a situação. Em nota enviada, a assessoria revela que “existe um Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural, que compõe a estrutura da Secretaria Municipal de Cultura”.

Questionada sobre o trabalho da municipalidade em relação à preservação dos casarões centrais, a prefeitura comenta que o citado “departamento vem se empenhando em realizar uma avaliação, visando melhor conservação do patrimônio histórico do município, tanto dos bens tombados como dos não tombados. Este estudo, porém, está em andamento e, portanto, não é conclusivo”.

Em 2011, após incêndio criminoso contra o Museu Amador Bueno da Veiga, a Justiça julgou procedente Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Estadual para a reconstrução do museu, além da proteção de todo patrimônio histórico e cultural, tombado ou não, de Rio Claro.

O processo foi levado a juízo após a prefeitura não lavrar Termo de Ajuste de Conduta – TAC junto ao MP. No texto da sentença, a municipalidade ficou obrigada a resguardar todo o patrimônio cultural do município; garantir segurança permanente, exercer vistorias e fiscalizações anuais; e reconstruir integralmente o citado museu. Sobre esta questão, a prefeitura alega que “fica demonstrando o interesse do município na preservação do patrimônio histórico e cultural, conforme observado na resposta anterior”.

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