O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

199 anos depois da nossa Independência, estamos presos a um passado ainda mais remoto, dependentes de correntes de pensamento extremamente antiquadas, que querem prevalecer à força nos dias de hoje.

O que era para ser num ato cívico, patriótico, para marcar o início de um ano que nos encaminha ao bicentenário da nossa libertação do domínio de Portugal, foi transformado em um evento político, com uma beligerância incompatível com a data.

Em uma das fotos exibidas nas redes sociais dos participantes das manifestações na Avenida Paulista, reconheci duas pessoas usando a bandeira do Brasil como se fosse um xale. Seria uma demonstração de patriotismo ou de subserviência a uma ideia fixa do organizador do ato, que tem por objetivo enfrentar o Judiciário e suas decisões, acusando, chamando um dos ministros do Supremo de canalha, atropelando de forma contundente e irada o representante de um dos Poderes da República?
Com a inflação disparada, o desemprego lá no alto, perde-se um tempo fabuloso em uma guerra verbal contra a democracia, que se for dizimada, transformará o Brasil em uma república das bananas, com muita miséria e a milhões de quilômetros distante da civilização.

Os que querem o impeachment dos ministros do Supremo pensam em colocar quem no lugar deles? Ninguém? Ou alguém que só venha a seguir o que o presidente determina?
O passado de cinco décadas atrás compareceu em ambos eventos, no de Brasília e no de São Paulo, nesse 7 de setembro que foi muito diferente dos outros 7 de setembro, porque fugiu do roteiro da civilidade e do bom senso.

O que acontecerá daqui para frente? Como saber? Milhões de brasileiros clamam por comida, por emprego, enquanto isso arma-se um grande circo para demonstrar força, quando é hora de apontar caminhos para sairmos da crise que cada vez mais se aprofunda. Se continuarmos patinando dessa maneira, daqui a pouco o Brasil será um país condenado ao atraso, sem nenhuma luz que aponte para uma saída. Será que não está evidente isso?

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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